Fórum do Povo da Rua luta para reabrir restaurantes populares

A Campanha “Quem tem fome, tem pressa!” tem como objetivo reabrir as unidades de Nova Iguaçu e Duque de Caxias

O Fórum Popular do Povo da Rua da Baixada Fluminense lançou no último dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, a Campanha “Quem tem fome, tem pressa!”, que conta com o apoio da Pastoral do Povo da Rua. A campanha reivindica das Prefeituras de Duque de Caxias e de Nova Iguaçu a municipalização da gestão e reabertura dos Restaurantes Populares Dom Helder Câmara e Madre Teresa de Calcutá, respectivamente, que encerraram suas atividades no dia 30 de junho.
O programa de restaurantes populares é uma política pública de grande relevância e alcance social, cujo objetivo é promover a cidadania, ampliando a oferta de refeições prontas e saudáveis fora do domicílio, em locais confortáveis e de fácil acesso, e com custo acessível, destinadas, preferencialmente, ao público em estado de insegurança alimentar. Os espaços dos restaurantes poderiam ainda, integrar outras políticas públicas ou promover ações de educação alimentar e de saúde para combater o desperdício, preservar e resgatar a cultura gastronômica regional, combater o desperdício e gerar novas práticas e hábitos alimentares saudáveis, além de atividades de economia solidária, cursos de culinária saudável e incentivo a agricultura familiar.
Os restaurantes homenageiam, respectivamente, Dom Helder e Madre Teresa, dois grandes ícones da Igreja Católica e na luta pela superação da miséria e da fome no Brasil e no mundo. A campanha também faz memória pelos 20 anos da morte do sociólogo, Herbert de Souza, o Betinho, idealizador do Movimento pela Ética na Política, em 1992, e da Ação da Cidadania contra a Miséria, a Fome e pela Vida, em 1993, que criou milhares de comitês pelo Brasil, conclamando a sociedade para enfrentar o flagelo da fome.
Segundo Cláudio Santos, o programa de restaurantes populares possui grande alcance social enquanto política pública para o combate à miséria e a fome, em especial nesse momento de grave crise enfrentada pelo Estado do Rio de Janeiro:
“Além da grave corrupção que campeia pelo país, estados e municípios sofrem com o desmonte da assistência social e das políticas setoriais voltadas para grupos e pessoas em situação de vulnerabilidade social. A desativação do restaurante popular por medida de economia é uma violação à segurança alimentar dos mais pobres e à memória de Dom Helder Câmara e de Madre Tereza de Calcutá, ícones na defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana frente à miséria e à fome”. O povo exige uma resposta dos prefeitos Washington Reis [de Duque de Caxias] e Rogério Lisboa [de Nova Iguaçu]”, afirma.
Com a desativação do restaurante, o espaço passou a ser utilizado como ‘cracolândia’ como noticiado na última edição do Jornal Hoje. Moradores e transeuntes denunciam que bandidos se misturam aos moradores de rua para praticar assaltos. Segundo Roberta Ramos, assistente social e agente da Pastoral do Povo da Rua da Diocese de Nova Iguaçu, o descaso do poder público e a falta de políticas públicas específicas para drogados e pessoas em situação de rua nas prefeituras da Baixada Fluminense contribuem para agravar a situação:
“A transformação do Restaurante Popular Madre Tereza de Calcutá em cracolândia é uma tragédia anunciada. Quando o poder público deixa de debater com a sociedade políticas públicas específicas para setores que sofrem com a invisibilidade e a exclusão, abre espaço para a barbárie. A questão não pode ser tratada como caso de polícia, mas enfrentada com políticas públicas que devem, inclusive, estimular a participação dos usuários. Reabrir os restaurantes populares é uma questão de prioridade e vontade política”, declarou.
Para dinamizar a campanha, o Fórum Popular do Povo da Rua da Baixada Fluminense deu início a um abaixo-assinado em espaços públicos para reivindicar a municipalização da gestão e reabertura dos restaurantes populares. Informações de como aderir à campanha podem ser obtidas nos comitês Duque de Caxias e de Nova Iguaçu pelos telefones (21) 99188-3388 (Cláudio Santos) e (21) 98438-2351 (Roberta Ramos) ou pelo e-mail fppr.bxd@gmail.com.

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