Violência fecha unidades de saúde no Rio

Postos como o do Morro do Borel estão fechados há quatros dias

Os tiroteios que provocam o fechamento de, em média, duas unidades de saúde de atenção básica (clínica da família ou centro municipal de saúde) por dia no Rio atingem em cheio os cofres do município. A prefeitura paga às organizações sociais que administram as unidades pelo plantão contínuo de cada equipe médica, um total mensal de aproximadamente R$ 82 mil. Levando-se em conta que uma clínica tem em média quatro equipes, o dinheiro desperdiçado com as interrupções de serviço e jornadas incompletas, nos 552 episódios registrados pela Secretaria municipal de Saúde este ano, passaria de R$ 6 milhões.

Só na Clínica da Família Maria do Socorro, na Rocinha, na Zona Sul do Rio, notificou quatro episódios de vermelho, quando a falta de segurança no território coloca em risco pacientes e funcionários e ocorre a paralisação de funcionamento. As quatro interrupções ocorreram entre 17 de setembro último, quando teve início a Guerra da Rocinha, e ontem. De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, a unidade atende em média 550 pessoas por dia. No mesmo período também ficaram fechados a Unidade de Pronto Atendimento ( UPA) da Rocinha, o Centro municipal de Saúde Albert Sabin, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Rocinha e a Clínica da família Rinaldo de Lamare.

No dia 17 de setembro, um vídeo circulou nas redes sociais mostrando funcionários e pacientes da UPA da Rocinha deitados no chão de uma sala para fugir das balas perdidas.

“Esta situação está inserida no dia a dia dos médicos e profissionais de saúde do Rio. Esse filme se repete diariamente com um final infeliz e um enredo de violência. O resultado é que atendimento médico fica prejudicado e o direito constitucional à saúde é ameaçado”, disse Jorge Darze, presidente da Federação Nacional dos Médicos.

A estatística de 552 episódios vermelhos, nos nove primeiros meses de 2017, e os outros 380 registrados entre janeiro a outubro do ano passado, mostra claramente que a violência não atinge apenas a região da Rocinha. No dia 5 de dezembro de 2016, a Clínica Família da Palmeiras,no Complexo do Alemão, na Zona Norte, foi atingida por balas, durante um tiroteio. Na ocasião a empregada doméstica Nilza de Paula Rocha, de 51 anos levou um tiro na cabeça e morreu.

Desde então, a unidade nunca mais funcionou. A Secretaria de Saúde confirmou o fechamento da clínica, que atendia por mês 9.595 pessoas.

De acordo com a Secretaria de Saúde, , no ano passado, houve 1.246 episódios em que alguma unidade de saúde notificou amarelo, suspendendo atividades externas para a segurança dos funcionários. Os códigos vermelho e amarelo fazem parte de um protocolo do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, implantando na rede municipal de saúde, desde 2009, para amenizar o impacto da violência.

 

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