Briga entre médica e PM termina na delegacia

A confusão entre policiais e uma médica aconteceu na UPA de Cabuçu. Num vídeo que circula nas redes sociais, a profissional de saúde e um PM discutem e trocam empurrões
Fotos: Reprodução / Internet

Policiais militares detiveram na noite da última terça-feira uma médica da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Cabuçu, em Nova Iguaçu. Segundo a Polícia Militar, a profissional de saúde se recusou a atender três homens que ficaram feridos em tiroteio. Ainda de acordo com os policiais, a médica sugeriu que os três, que estavam presos sob custódia da PM, fossem levados para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, que fica a cerca de 18 quilômetros de distância da UPA. Em um vídeo que circula pelas redes sociais, é possível ver que um dos policiais se exalta com a médica, enquanto o outro segura a profissional de Saúde. Ela foi encaminhada à Delegacia, onde os policiais registraram queixa por desacato, já que, segundo eles, a médica feriu um deles no rosto e o chamou de “animal”.
Os presos foram levados para o Hospital de Nova Iguaçu. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, a orientação é que os profissionais atendam todos os pacientes, independentemente do estado de saúde. A Secretaria  lamentou o ocorrido e acredita que “os momentos de grande estresse que fazem parte do cotidiano dos profissionais tanto da Segurança quanto da Saúde podem ter gerado a discussão que acabou registrada no vídeo. A Secretaria tomará as medidas cabíveis em relação à profissional da UPA, após averiguação dos fatos.”
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro considerou a atitude dos policiais uma agressão absurda e desnecessária. “O que nós assistimos nesse vídeo é uma agressão absurda, desnecessária, de um policial a uma médica de plantão numa UPA. Tanto o bombeiro, quanto o SAMU, como os policiais sabem que pacientes baleados, pacientes acidentados devem ser levados para hospitais gerais”, afirmou Nelson Nahon, presidente do Cremerj, em entrevista ao RJTV.
Ele ainda lembrou a agressão que ocorreu no último domingo contra um médico colombiano que estava de plantão na UPA da Maré e foi sequestrado com uma ambulância para socorrer um criminoso ferido.
“Aconteceu já no domingo uma agressão, o sequestro de um médico no seu local de trabalho também, agora, uma médica agredida por um policial, isso tudo, inclusive, na semana do médico. Os médicos estão trabalhando assim, em péssimas condições, sobrecarga de trabalho, salários atrasados no Estado, em Nova Iguaçu, em Belford Roxo. E agora também temos que enfrentar tanto a violência dos marginais, como agressão totalmente desproporcionais aqueles que estão trabalhando essa população que está tão desassistida”, criticou ele.
A confusão na UPA de Cabuçu teria começado, segundo a PM, quando PMs do 20º BPM levaram três suspeitos feridos durante um patrulhamento seguido de confronto na comunidade Grão Pará para a UPA.
Testemunhas disseram que um dos policiais agrediu a médica, que foi identificada como Gisele Cardoso Nery dos Santos e seria chefe do plantão na terça-feira. Contaram também que o policial foi desrespeitoso e ameaçou a funcionária.
Por meio da assessoria de imprensa da PM, o militar nega qualquer tipo de agressão e diz que foi desacatado, chamado de “animal” e ferido no rosto pela médica. O policial e as demais vítimas foram atendidos no Hospital Geral de Nova Iguaçu. A corporação informou que vai apurar se houve agressão. Gisele teria admitido que chamou o policial de “animal” por conta do jeito que estava sendo tratada, mas que em nenhum momento teve a intenção de agredir os PMs fisicamente ou verbalmente.
O Comandante do Batalhão abriu uma averiguação para saber as circunstâncias do fato. O caso foi registrado na 53ª DP, que também vai investigar o caso.

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