O nascimento da economia

*Irving Merath

Esse artigo é o primeiro de uma série que fará com que o leitor entenda um pouco mais sobre economia e desenvolvimento econômico. Antes de tudo, é interessante saber como essa ciência surgiu.
Economia é uma palavra de origem grega que significa administração do lar, então, poderia referir-se ao Estado e a política, apenas como associação e por extensão (originalmente). Essa palavra já era usada desde os gregos antigos e o primeiro livro sobre o tema é a atribuído a Aristóteles. No entanto, a economia como conhecemos hoje foi desenvolvida pelo filósofo britânico Adam Smith em seu livro “Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, de 1776. Sua maior preocupação no desenvolvimento da teoria era lidar com um dilema ainda presente: “os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas”. Isso significa que a humanidade necessita de mais coisas do que consegue produzir. Assim, como proceder para que todos sejam beneficiados da melhor maneira possível?
A solução de Smith foi o que chamamos de “vantagem absoluta”. Ou seja, se cada um especializar-se naquilo que faz de melhor, todos produzirão mais, os recursos serão menos escassos e as trocas permitirão maior bem-estar.
Outro conceito importante que surgiu neste momento foi o “custo de oportunidade”. Esse conceito diz que toda escolha tem um custo, não apenas o valor daquela escolha, mas também aquilo que se deixou de adquirir por ter feito a escolha. Por exemplo, ao escolher ir à praia, uma pessoa deixa de fazer uma série de coisas que poderia fazer naquele momento, então, tudo o que deixou de fazer para ir à praia faz parte do custo daquela escolha. Outro exemplo, se uma pessoa poderia ganhar R$250,00 realizando um trabalho sexta-feira a noite, mas preferiu ir a um show cujo preço foi R$150,00, então seu custo para ir ao show foi de R$400,00, e não R$150,00.
Esse conceito pode ser estendido a todas as relações humanas e, até mesmo, para questões políticas e de cidadania. Mas, como primeiro artigo, vamos nos concentrar apenas nas relações básicas. Dessa forma, é possível compreender por que, às vezes, algo parece uma boa escolha, mas é ruim, no final das contas. Por exemplo, uma pessoa tem a opção de trabalhar oito horas diárias para uma empresa que paga R$80/dia, cinco dias semanais, localizada em frente a sua casa, ou trabalhar para outra empresa que paga R$100/dia, cinco dias semanais, localizada a duas horas de sua casa. Se pensar o quanto vai ganhar no final do mês, vale muito mais a pena ganhar R$2.000,00 do que R$1.600,00. Entretanto, se pensar no quanto ganha por hora considerando o tempo de locomoção, vai perceber que na primeira empresa ela ganha R$10/hora, e na segunda, ela ganha R$8,33/hora. Ou seja, ganha cerca de 17% a menos na segunda empresa. Se ela optar por trabalhar na primeira empresa e usar aquelas quatro horas que perderia no trânsito para fazer outra atividade que aumente sua rentabilidade, vai perceber que seu rendimento será ainda maior a longo prazo.
Por isso, as escolhas são muito importantes, elas envolvem inúmeras relações que, às vezes, não são aparentes, mas implicam inúmeras situações. Ao escolher algo, é necessário perceber tudo o que envolve aquela escolha para tomar a melhor decisão possível.
O próximo artigo será sobre o que é uma vantagem comparativa e como identificá-la dentre uma série de possibilidades.

*Irving Merath é bacharel em Filosofia pela UFRJ e graduando em Economia pela UERJ.

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