Deputados livram Temer

Notícia do mal-estar do presidente chegou no momento em que a Câmara discutia o adiamento ou não da votação; Temer espantou o perigo no meio da noite
Allan Santos / PR

O Plenário da Câmara dos Deputados alcançou às 17h de ontem (25) o quórum mínimo para votar o parecer da denúncia de organização criminosa e obstrução de Justiça contra o presidente Michel Temer e contra os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). A oposição não havia registrado presença na Casa, para obrigar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a adiar a votação e aumentar a crise do Executivo. Mas, essa estratégia não deu certo e a bolinha começou a subir.
Minutos antes de o Plenário registrar o quórum mínimo de 342 deputados para iniciar a votação, Maia chegou a cogitar a possibilidade de adiamento. “Estou confiante que vamos votar essa denúncia na tarde e na noite de hoje [quarta-feira]. E se não houver quórum, marcaremos uma nova data, a ser escolhida rapidamente”, afirmou.
>> Presidente consegue votos suficientes para barrar prosseguimento da
denúncia – Por volta das 20h45 de ontem a base aliada de Michel Temer conseguiu reunir os votos necessários para barrar o prosseguimento da segunda denúncia contra o presidente.
Para barrar o andamento da acusação, o presidente precisava de somar 172 votos, entre “sim”, abstenções e ausências de deputados. Isso foi alcançado no meio da noite sem muito esforço, embora a oposição tenha ensaiado reações desde o início. Em alguns momentos O governo abriu vantagem entre 53% e 55%.
Dessa forma, a base aliada impediu que a oposição somasse os 342 votos necessários, entre os 513 deputados, para o prosseguimento da denúncia.
A sessão se arrastou por várias horas graças a uma estratégia da oposição de não registrar presença no plenário e retardar a votação ou, até mesmo, conseguir adiar a sessão. O quórum só foi atingido por volta das 17h, quase oito horas depois do início da sessão.
Para garantir o resultado favorável, o governo atuou em várias frentes, como a liberação de emendas para a base aliada e a exoneração de ministros que detêm cargo de deputado para que pudessem votar também.

O vai-vem teve até ameaça
de adiamento

Mais cedo, Maia chegou a encerrar a sessão na qual estava sendo analisada a autorização para o STF processar, por crime comum, Temer, Padilha e Moreira Franco. Votaram 191 deputados, quatro a favor do adiamento e 184 contra. Outros dois deputados marcaram obstrução, ou seja, a presença deles não é contada para efeito de quórum.
Em seguida, Maia convocou nova sessão com a mesma pauta para as 14h30.
Estava em votação requerimento do PMDB que pedia o adiamento da votação por uma sessão. A base aliada quis testar o quórum para o início da votação, que somente pode ser validada se comparecem, no mínimo, 342 deputados na chamada nominal para pronunciar o voto. A autorização somente poderia ser concedida ao Supremo se 342 deputados fossem favoráveis a ela.
>> Autorização – Durante a votação da autorização, os parlamentares se pronunciaram sobre o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que recomenda a rejeição da autorização ao Supremo.
Em 2 de agosto, o Plenário rejeitou, por 263 votos a 227 e 2 abstenções, a primeira denúncia da Procuradoria Geral da República contra Michel Temer, por crime de corrupção passiva (SIP 1/17).

Temer passa mal e é hospitalizado

No início da tarde de ontem, o presidente Michel Temer deu entrada no Hospital Militar de Base de Área (HMAB), do Exército, em Brasília. A informação foi confirmada pelo hospital. Anteriormente, foi informado que o peemedebista estaria internado em centro cirúrgico, mas o Planalto informou em nota que o presidente apenas passava por exames, por uma obstrução urológica.
O deputado Beto Mansur (PRB-SP) disse que falou com presidente sobre o processo e votação duas vezes por volta das 13h30, mas não sabe se naquele momento Temer já estava no hospital.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos vice-líderes do governo, comentou que Michel Temer estava em um hospital de Brasília, mas que não seria nada grave. “O presidente teve uma indisposição e foi levado para exames, mas se encontra bem”, afirmou.
Por meio de uma nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República disse que o mandatário sofreu um “desconforto no fim da manhã” por causa de uma “obstrução urológica”. “O médico de plantão recomendou que ele fosse avaliado no Hospital do Exército, para a realização de exame e devido tratamento”.
A notícia chegou no momento em que a Câmara discutia um adiamento da votação da segunda denúncia contra o presidente. Temer chegou ao Palácio do Planalto por volta das 9h e na agenda constavam reuniões com deputados, ministros e o governador do Tocantins, Marcelo Miranda.
O anúncio de que Temer tinha passado mal foi feito no plenário da Câmara durante a sessão para análise da denúncia, causando grande agitação no plenário.
>> Leia nota divulgada pelo Palácio do Planalto: “O Presidente Michel Temer teve um desconforto no fim da manhã de hoje e foi consultado no próprio departamento médico do Palácio do Planalto. O médico de plantão constatou uma obstrução urológica e recomendou que fosse avaliado no Hospital do Exército, onde se encontra para realização de exame e devido tratamento. Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República”.
>> Coincidências – Algo que chamou atenção, foi o sinal de livramento na Câmara com a conquista dos votos suficientes para barrar o prosseguimento da denúncia ter acontecido quase no instante da saída de Michel Temer do hospital, após ter sido submetido a uma desobstrução urológica. (Com Agência Brasil e G1).

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