Baleia diz que viagem paga pela Câmara virou saia justa

Efeito contrário – Líder do PMDB, Baleia Rossi, admitiu trem da alegria e celular ligado gravou tudo
Nilton Fakuda / Estadão

Com o discurso da austeridade diante da crise econômica do país, a Câmara dos Deputados está desembolsando dinheiro para pagar a viagem de nove parlamentares em compromisso oficiais por Portugal, Itália, Israel e Palestina durante nove dias.
Cada deputado receberá, pela viagem que teve início na última sexta-feira (27) e termina no próximo domingo (5), diária de US$ 550. Como os gastos cobrem cinco dos nove dias, o custo da Câmara para cada parlamentar será de aproximadamente R$ 9 mil, totalizando R$ 81 mil.
Ontem, primeiro dia de novembro, em entrevista à Rádio CBN, o deputado Baleia Rossi (PMDB-SP), sem perceber que havia esquecido de desligar o celular após a conversa com a jornalista e que ainda estava sendo gravado, admitiu em conversa com os demais deputados que estavam com ele que a situação virou uma “saia justa do cão”.
“Depois do final da viagem, eu vejo o que eu faço (…) O Rodrigo [Maia] tem que falar o seguinte: não é que ele tá devolvendo, ele não vai receber. Porque esse negócio de devolver coloca a gente numa saia justa do cão”, afirmou Rossi.
Quem também está na comitiva é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), cujas despesas estão sendo pagas pelos países que o convidaram.

Bretas condena ex-assessor
de Cabral e dono do Brasas

A Justiça Federal no Rio de Janeiro condenou Carlos Bezerra, ex-assessor do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), a quatro anos de prisão ao pagamento de 200 dias-multa por lavagem de dinheiro no esquema de corrupção liderado por Cabral. Cabe recurso da sentença, emitida na terça-feira (31), pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
Na mesma decisão, o empresário e delator John O’Donnel, que até 2016 era dono de uma franquia do curso de inglês Brasas, foi condenado a um ano de prisão por também participar do esquema de lavagem de dinheiro para Cabral.

Segundo o juiz, por meio de sua firma, entre maio de 2011 e outubro de 2015 Bezerra transferiu R$ 1,19 milhão à empresa de O’Donnel em troca de notas frias, que tornavam o dinheiro aparentemente lícito.
A pena de O’Donnel foi substituída por serviços comunitários. Ele está obrigado a administrar um programa de 200 bolsas integrais de dois semestres letivos completos de aulas de inglês nas franquias do curso Brasas”, além de pagar multa de R$ 1,25 milhão.
A mulher de Bezerra, Claudia Bezerra, que também era ré nesse processo, foi absolvida. A defesa de O’Donnel informou que iria se manifestar ainda ontem. (AE)

Fachin envia a Moro denúncia
contra Cunha, Geddel, Alves e Loures

Depois de a Câmara dos Deputados barrar a análise no Supremo denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu desmembrar a denúncia para que tramite na primeira instância.
Fachin decidiu enviar ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a parte da denúncia pelo crime de organização criminosa que se refere ao restante do núcleo político do PMDB da Câmara dos Deputados – o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o ex-assessor especial da presidência Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Moro é o responsável pela condução da Lava Jato na primeira instância. “Diversos integrantes da apontada única organização criminosa foram processados e, inclusive, já sentenciados pelo Juízo da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba”, disse Fachin, ao justificar o envio a Moro.
Já a parte da denúncia que é pelo crime de obstrução à investigação de organização criminosa, com relação a Joesley Mendonça Batista e Ricardo Saud, será encaminhada à Justiça Federal em Brasília.
Temer havia sido denunciado junto com os três. Também serão encaminhados para investigação em Brasília, em relação a este caso, Lúcio Funaro, Roberta Funaro, Eduardo Cunha e Rodrigo Rocha Loures, que não chegaram a ser denunciados pela Procuradoria-Geral da República em setembro.
Para Fachin, a necessidade de prévia autorização da Câmara dos Deputados para processar o presidente da República e ministros de Estado “não se comunica” aos outros réus.

Em outro aspecto importante da decisão, Fachin decidiu que as prisões preventivas decretadas contra Joesley Batista e Ricardo Saud deverão ficar a partir de agora sob a análise do juiz Sérgio Moro. E que as prisões preventivas de Lúcio Bolonha Funaro, Eduardo Cosentino da Cunha e Roberta Funaro Yoshimoto, no âmbito da Operação Patmos, ficarão submetidas à Justiça Federal do Distrito Federal. (AE)

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