Jair Bolsonaro divulga carta aos brasileiros e nega autoritarismo

O deputado pelo Rio de Janeiro e presidenciável diz que repudia regimes totalitários e ideias heterodoxas
Luís Macedo / Agência Câmara

O deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) divulgou na quarta (8) o Comunicado aos Cidadãos do Brasil, no qual admite a discussão de temas econômicos com um grupo de professores e intelectuais. Segundo o capitão da reserva do Exército, “nenhum dos membros dessa equipe defende ideias heterodoxas ou apreço por regimes totalitários”.
A mensagem foi revelada pelo site “O Antagonista” e confirma a colaboração do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Adolfo Sachsida, noticiada pela Coluna do Estadão. “Nos últimos dias o Dr. Adolfo Sachsida foi apresentado pela imprensa como o ‘conselheiro’ do deputado Jair Bolsonaro. Conforme nota já divulgada, houve sim conversas com o talentoso economista.” Apesar da carta, os nomes do time do Bolsonaro não foram divulgados.
Segundo a assessoria do deputado, a carta foi escrita com a ajuda de uma equipe de colaboradores e pelos filhos (Eduardo, Flávio e Carlos). “Nesse sentido, podemos antecipar que já contamos com um sólido grupo, composto por professores de algumas das melhores universidades do Brasil e da Europa. Indivíduos que são referência na academia, com vários papers publicados em revistas ranqueadas, com larga experiência profissional e sem máculas em seus respectivos históricos.”
A decisão de tornar pública a existência de uma “equipe de intelectuais e professores” ocorre após a repercussão da “não resposta” de Bolsonaro sobre o que é o tripé econômico à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV!
>> Bastidores – Em suas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que “tem se encarregado pessoalmente com pessoas da área econômica para aproximá-las de Jair Bolsonaro”. Eduardo escreveu que está articulando a equipe do pai “nos bastidores, de maneira discreta, sem esperneio ou holofotes”.
“Só dessa maneira conseguiremos fazer um trabalho sério e construtivo. No momento certo todos saberão quem são essas pessoas, acadêmicos e de vivência no mercado também, que aliás não param de chegar para somar”, disse Eduardo.
Nos bastidores, fala-se que as entrevistadas de Sachsida não agradaram a Bolsonaro e seus filhos. O pesquisador teria sido levado ao grupo do deputado pelas mãos de outro colaborador, o professor de Economia e secretário nacional do PEN, Bernardo Santoro. Procurados, Santoro não respondeu e Sachsida não atendeu à reportagem. (AE)

 

Às voltas com processos e condenações que cabem recursos

O deputado federal terá que pagar R$ 150 mil ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos – órgão vinculado ao Ministério da Justiça – por ter feito declarações consideradas homofóbicas no programa CQC, exibido na TV Bandeirantes até 2015.
Por três votos a dois, o parlamentar foi condenado em ação de danos morais ajuizada na Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Ainda cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao programa televisivo, Bolsonaro disse que nunca passou pela sua cabeça que pudesse ter um filho gay porque todos tiveram uma “boa educação”. “Então, não corro esse risco”, afirmou na ocasião.
Em sua defesa, o deputado alegou que não fez críticas aos homossexuais, e sua declaração era contra o polêmico “kit gay”, material escolar que seria distribuído nas escolas públicas para discussão sobre diversidade sexual e gravidez na adolescência.
Na sentença de primeira instância, a juíza Luciana Teixeira enquadrou Jair Bolsonaro no artigo 187 do Código Civil, que diz: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
>> Quilombolas – No mês passado, Bolsonaro foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra em geral, dinheiro que será revertido para o mesmo fundo.
A ação foi ajuizada pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro depois que o parlamentar depreciou a população negra durante palestra no Clube Hebraica, no Rio.
Na ação, o MPF alega que Jair Bolsonaro visitou uma comunidade quilombola e, durante a palestra, afirmou que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. Ainda citando a visita, disse que “não fazem nada, eu acho que nem pra procriar servem mais”.

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