Cinco dias do desaparecimento do bebê Kevin, que nasceu morto aos cinco meses de gestação, no domingo, no Hospital Pasteur, no Méier, a Polícia Civil ainda tenta descobrir onde está o corpo da criança. O delegado Carlos César dos Santos, da 26ª DP (Todos os Santos), descartou a hipótese de que o cadáver tenha sido levado por engano por alguém. A principal linha de investigação é que o corpo tenha sido descartado indevidamente ou furtado.
Ontem, o diretor do hospital, uma coordenadora médica e um maqueiro foram ouvidos na 26ª DP . O maqueiro confirmou ter transportado o cadáver até o necrotério do hospital. No entanto, o que aconteceu dali para frente ainda é mistério. Segundo Alessandro Carracena, advogado do maqueiro, seu cliente cumpriu o protocolo ao entregar o corpo, que foi recebido pelos responsáveis do setor.
Danilo Abreu, um dos diretores do hospital, prestou depoimento. Na saída da delegacia, disse ter prestado todas as informações do caso para a polícia e para a família. Carla Leite e Carine Silva, irmãs de Rayane Araújo da Silva Menezes, mãe de Kevin, foram à porta da 26ª DP e acusaram o diretor de estar mentido.
“Não falaram nada com a gente. Ainda bem que Rayanne não veio aqui. Meu Deus, me dê forças. Só quero saber onde está o corpo do Kevin”, pediu Carine.
Mais cedo, as irmãs e um grupo de amigos fizeram manifestação na frente do hospital e da 26ª DP. Com faixas e cartazes, pediram justiça e ajuda para encontrar o corpo da criança.
“Queremos dar ao menos um enterro para o Kevin. Até agora, não recebemos nenhuma resposta do hospital. Fizemos um protesto na porta do hospital, mas ninguém nos recebeu. Minha irmã e meu cunhado estão abalados e à base de remédios. O Kevin era muito esperado pela família. Já tinha enxoval e até berço”, disse Carla Leite.
A mãe de Kevin, Rayane Araújo, se sentiu mal e teve o depoimento, que iria ocorrer ontem, transferido para hoje. Segundo parentes, Rayane e o marido, Wanderson Nunes, já haviam comprado roupinhas, carrinho de bebê, armário e até pintado o quartinho. O casal estava junto há cinco anos, e há um ano formalizou a união no civil.
“Era o primeiro filho deles. Kevin era o bebê mais aguardado do mundo. Na terça-feira, a Rayane foi ao cemitério com a família. Não contamos logo que o corpo estava desaparecido. A gente tinha esperança que, até a hora do enterro, o hospital diria onde estava o corpo. Tivemos que revelar o que aconteceu, e não houve enterro. Ela e meu cunhado estão destroçados com tudo isso”, disse Carla leite.
Imagens de câmeras do hospital foram entregues aos investigadores. As gravações serão analisadas.