Fetranspor movimentou quase R$ 350 milhões em propinas, diz MPF

Documento do Ministério Público Federal (MPF) sobre a Operação Cadeia Velha, deflagrada na manhã desta terça-feira(14), diz que a contabilidade paralela da Fetranspor movimentou quase R$ 350 milhões em propinas, entre 2010 e 2016, de acordo com planilha entregue pelo delator Álvaro José Novis, que serviu de base para a investigação. Entre os principais beneficiários do esquema estão alvos da ação da Polícia Federal (PF) de hoje, como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, e o deputado Paulo Melo, ex-presidente daquela Casa — ambos do PMDB.

Conforme a planilha, Picciani teria recebido R$ 49,96 milhões da Fetranspor. Já Paulo Melo, R$ 38,625 milhões. O documento mostra ainda o montante movimentado por outros agentes, como José Carlos Lavouras (R$ 40.473.685,00), Lélis Teixeira (R$ 1.570.000,00) e Jacob Barata (R$ 27.754.990,00). Ex-presidente do Detro, Rogério Onofre é ligado a R$ 44,1 milhões. João Augusto Monteiro, R$ 23.419.394,00. E Carlos Miranda, operador do ex-governador Sérgio Cabral, R$ 122.850.000,00.

De acordo com o documento, Paulo Melo tinha o codinome de “Pinguim”. Ele teria recebido R$ 54.305.000,00 via Álvaro José Novis, sendo R$ 38,625 milhões por ordem de José Carlos Lavouras (Fetranspor). O restante, R$ 15.680.000,00, pago pelo próprio Novis, a mando de Carlos Miranda (Sérgio Cabral).

Os delatores Álvaro José Novis e Edimar afirmam ainda que os pagamentos a Paulo Melo, o “Pinguim”, foram realizados principalmente à época em que ele era presidente da Alerj. No entanto, os colaboradores disseram que “houve realização de, pelo menos, mais quatro pagamentos” após esse período. O MPF diz ainda que a maior parte das entregas foi feita pela transportadora de valores Trans-Expert, que usava carros comuns blindados.

Já o atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, tinha o codinome “Platina” e, depois, passou a ser identificado como “Satélite”. Ele teria sido o destinatário de R$ 58,58 milhões, entre julho de 2010 e julho de 2015, via Álvaro José Novis, sendo R$ 49,96 milhões a mando da Fetranspor. Os R$ 8.62 milhões restantes teriam sido a mando de Carlos Miranda (Sérgio Cabral).

O documento do MPF mostra ainda que o delator Álvaro José Novis, além dos pagamentos a mando da Fetranspor, também teria distribuía valores a Jorge Picciani e Paulo Melo por ordem da Odebrecht. Picciani era o “Grego”. Já o ex-presidente da Alerj Paulo Melo era “Maria mole”.

Executivos da Odebrecht disseram em delação premiada que os pagamentos feitos pelo também delator Álvaro José Novis a mando da empreiteira eram realizados a pretexto de doações não contabilizadas, em razão da importância política dos deputados no partido do ex-governador Sérgio Cabral.

Os registros dos pagamentos aos dois políticos constam no sistema Drousys, que foi concebido pela Odebrecht para a contabilização paralela da propina paga pela empresa a diversos agentes públicos.

Segundo o MPF, no período de 2010 a 2011, Picciani recebeu um total de R$ 7 milhões. Desse valor, R$ 4,5 milhões foram depositados em euros no exterior.

No caso de Picciani, os pagamentos foram feitos por determinação de Fernando Migliacci e Luiz Eduardo Soares, diretores da Odebrecht. No caso de Paulo Melo foi por ordem de Leandro Azevedo na época em que o peemedebista ocupava a presidência da Alerj.

 

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