Anthony e Rosinha Garotinho são presos pela PF

Os ex-governadores foram detidos durante a “Operação Chequinho”, que apura fraudes com fins eleitorais no Programa Cheque Cidadão, em Campos
Gerson Gomes / Prefeitura de Campos

A Polícia Federal (PF) de Campos de Goytacazes, no norte fluminense, prendeu os ex-governadores do Estado Anthony Garotinho (PR) e sua esposa, Rosinha Garotinho (PR), em operação deflagrada na manhã de ontem (22).
Os pedidos de prisão foram feitos pelo Ministério Público Eleitoral, que apura a arrecadação de dinheiro ilícito para o financiamento da campanha dos dois.
A investigação é um desdobramento da “Operação Chequinho”, que apura fraude com fins eleitorais no programa Cheque Cidadão por Garotinho.
Garotinho foi pego em seu apartamento na praia do Flamengo. Rosinha foi presa em Campos. Ele foi transferido para a Cadeia Pública de Benfica, na zona norte da capital, onde já estão, entre outros, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e os deputados estaduais Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos peemedebistas.
>> R$ 2,6 milhões da JBS – A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio identificaram “elementos” que apontam que o grupo JBS firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé (RJ) para prestação de serviços na área de informática. O contrato de cerca de R$ 3 milhões, serviria apenas para o repasse irregular de recursos, via caixa 2, para campanhas eleitorais dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha. O montante sobre o contrato que teria sido repassado a Garotinho foi de R$ 2,6 milhões.
Também foi preso, por ordem do juiz eleitoral de Campos dos Goytacazes, Glauceni Silva de Oliveira, um ex-secretário municipal do governo Rosinha, Suledil Bernardino, na prefeitura de Campos.
Os investigadores suspeitam que os serviços previstos no contrato “não eram efetivamente prestados”
Um dos delatores da JBS, o executivo Ricardo Saud, disse, em depoimento prestado em agosto, que o valor final repassado a Garotinho sobre aquele contrato ficou em R$ 2,6 milhões.
A PF atribui ao casal de ex-governadores os crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
>> Defesa diz que é perseguição – “O ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação de ontem a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter”, diz nota do político preso.
“O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da República”.
“Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum e, conforme disse ontem no seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho”.
“Agora, a ordem de prisão do juiz Glaucenir é para que Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente onde estão os presos da Lava Jato”, finaliza o texto. (AE)

Delator relata contrato fictício
para campanha de Garotinho

O empresário André Luiz da Silva Rodrigues informou ao Ministério Público Eleitoral (MPE) que a sua empresa Ocean Link Solutions Ltda realizou um contrato simulado com a JBS para viabilizar a doação de R$ 3 milhões para a campanha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR). Rodrigues procurou a Polícia Federal para fazer a delação, que embasou a prisão preventiva de Garotinho, de sua mulher Rosinha Garotinho, e outras sete pessoas.
Outro preso foi Ney Flores Braga, um dos responsáveis pela arrecadação de dinheiro para a campanha de Garotinho em 2014. O delator contou que, em reunião determinada pelo ex-governador, alguém da JBS faria contato com o empresário Brauny, seu sócio na empresa Ocean Link, para tratar de uma contratação.
Segundo o MPE, Rodrigues contou que o negócio foi firmado tempo depois, “restando esclarecido posteriormente que o contrato entre a Ocean Link e a JBS seria simulado com vistas a transferir, mediante conta bancária e nota fiscal fria, R$ 3 milhões de reais que deveriam ser repassados para o réu Anthony Garotinho utilizar em sua campanha eleitoral para o governo do Estado do Rio de Janeiro”, diz, na denúncia.
Também tiveram ordens de prisão expedidos Antônio Ribeiro da Silva, Suledil Bernardino, Thiago de Godoy, Antônio Carlos Rodrigues e Fabiano Alonso.
Em nota, a assessoria do político disse que “querem calar o Garotinho mais uma vez” e que o ex-governador atribui a operação “a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo” por ter denunciado um esquema envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e irregularidades supostamente praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.
Garotinho se diz inocente, assim como os demais acusados na operação de ontem e ainda diz que é ameaçado pelo presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani, que na terça-feira (21), voltou à cadeia. (AE)

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