
De novo na mira do governo federal, a reforma da Previdência voltou às rodas de debate este mês. Na verdade, não há consenso entre os parlamentares que votarão a proposta no Congresso sobre a necessidade de mudanças nas regras de concessão de benefícios. Por isso, técnicos da União até já elaboraram uma nova versão do texto, sugerindo regras mais brandas do que o Planalto gostaria. Mas, ainda assim, especialistas dizem que, hoje, é difícil saber o que será aprovado ou modificado. Enquanto isso, dados do Estado do Rio — mostram que sempre que assunto entra em discussão, os pedidos de aposentadoria ao INSS disparam.
Diante das incertezas, os trabalhadores fluminenses tentam se precaver, correndo às agências do INSS. Segundo informações da Secretaria de Previdência Social, 92.592 aposentadorias foram concedidas no estado, entre janeiro e setembro deste ano, ao passo que, no mesmo período do ano passado, 76.800 benefícios foram liberados. Houve, portanto, um incremento de 20,5% apenas de um ano para o outro.
Na comparação com dados dos primeiros nove meses de 2015, o aumento do número de concessões de aposentadorias no Rio, até setembro deste ano, chegou a 45,2%.
Considerando todo o Brasil, em dois anos, a alta foi de 43%, o que reflete bem o receio dos trabalhadores em relação às mudanças nas regras. No país, entre janeiro e setembro deste ano, 1.093.250 aposentadorias foram concedidas pelo INSS, enquanto, no mesmo período de 2016, 958.621 pessoas saíram da ativa. Ou seja, houve uma alta no número de concessões de 14,3%, de um ano para o outro, exatamente porque o assunto voltou à pauta ao longo de 2017.
A reação dos segurados e o consequente aumento das concessões de benefícios, dizem os especialistas, têm ligação direta com os picos de discussão da reforma. Na maioria dos casos, os trabalhadores ficam com medo de serem obrigados a permanecer por mais tempo na ativa, se já têm o direito de requerer suas aposentadorias, ainda que o valor a receber seja baixo.
No Rio, somente em maio deste ano — mês em que a primeira proposta de reforma foi votada na Comissão Especial da Câmara dos Deputados —, o INSS registrou um pico de concessões de aposentadorias: 11.383 benefícios. O volume, porém, caiu nos dois meses seguintes e voltou a subir em agosto e setembro, quando a reforma retornou à pauta. Nesses dois meses, foram 10.990 e 10.166 concessões, respectivamente.