Enterrado em Edson Passos o corpo do cabo Bruno

Familiares do cabo Bruno, como a ex-esposa e a mãe dele se emocionaram durante enterro em Edson Passos, assim como a namorada, que estava junto dele no momento do crime
Fotos: Ivan Teixeira / Jornal de Hoje

Cerca de 300 pessoas, entre parentes e amigos do cabo Bruno Estrella de Souza, fizeram ontem uma homenagem ao rapaz durante seu sepultamento, no Cemitério Jardim da Saudade, em Edson Passos, em Mesquita. Ele foi enterrado com honras militares da aeronáutica. Com camisas brancas e imagem de Bruno, morto por um policial militar dentro de um ônibus na Central do Brasil, no Rio, eles pediram justiça e fizeram duras críticas a versão apresentada pelo PM que disse ter atirado após confundir a carteira que Bruno levava na mão com uma arma. A família do cabo informou que vai entrar na Justiça contra o Estado e que contratará um advogado para acompanhar o caso e para servir de assistente de acusação do MP. A vítima deixou um filho de 9 anos e estava na corporação havia seis anos.
“Não sei por que ele (PM) fez isso. Queria perguntar a ele se vai pagar meu aluguel, sei vai fazer minhas compras, por que tirou a vida do meu filho assim? Meu filho não reagiu, não fez nada”, disse bastante abalada na cadeira de rodas, a mãe de Bruno, Alessandra Estrella, 51.
O sargento do Exercito Vinicius Martins, irmão de Bruno, diz que, mesmo o policial alegando legítima defesa, o atirador jamais poderia ter disparado um tiro no peito de Bruno.
“Meu irmão era um cara de bem com a vida. Antes da indignação é uma grande tristeza perder alguém desta maneira tão violenta, tão brutal. Temos a sede de justiça, e não vingança porque não vem de Deus. Cada um tem que responder na medida de suas competências. Não se atira no peito de ninguém desarmado. Atirou apenas uma vez. Ele não só destruiu o coração do meu irmão, mas sim da minha família toda também. Executou meu irmão. Não queremos impunidade”, comentou revoltado.
Ex-esposa do cabo Bruno, Evelin da Silva de Oliveira, também cobrou justiça e pediu pela prisão do PM. “Fizeram uma covardia. Ele tinha um gênio forte, mas era pessoa maravilhosa. Jamais iria reagir. Porque não atiraram num membro inferior para imobilizá-lo? Meu filho de 9 anos está sofrendo muito. Nunca andou armado. Peço justiça de Deus, pois não pode ficar impune. Deixo um recado para este policial: ‘que ele pense no que fez’. Foi um absurdo ele ter sido liberado”, contou.
Bruno foi baleado dentro de um ônibus da linha 323 (Bananal-Castelo), que estava parado nas proximidades da Central do Brasil, na manhã de segunda-feira. Na ocasião, ele estava discutindo com sua namorada quando foi abordado pelo policial. A vítima, que estava desarmada, ficou ferida e foi levada para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, Bruno já chegou morto à unidade. Ele era cabo da Aeronáutica, trabalhava no setor de farmácia do Hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG).
O agente responsável pelo disparo é foi identificado como o soldado Helton de Souza Félix. Ele era lotado no 14º BPM (Bangu), atuava na UPP Batan e estava no Centro Presente voluntariamente. Em seu relato na Delegacia de Homicídios da Capital, Helton afirmou que o disparo foi “acidental”, pois acreditou que uma carteira que estava na mão direita de Bruno fosse uma arma.

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