Por um fim de ano digno

Raphael Bittencourt

 

Gilvan de Souza/Flamengo

O Flamengo joga hoje, contra o Independiente, na Argentina, a primeira partida da final da Copa Sul-Americana. O título da competição internacional não apaga o difícil ano do clube, mas ameniza as campanhas decepcionantes no Brasileiro e, principalmente, na Taça Libertadores da América.
É fato que a Libertadores era o grande objetivo Rubro-Negro em 2017, tendo em vista o alto investimento da diretoria em contratações. A eliminação precoce, ainda na fase de grupos, caiu como uma bomba na Gávea e apagou a campanha vitoriosa no Campeonato Estadual.
O segundo semestre reservou ao Flamengo a disputa da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro e da Sul-Americana, além da desprestigiada Primeira Liga, competição na qual o time caiu diante do Paraná, nas quartas-de-final. Era a chance de dar a volta por cima e encerrar o ano com um título de expressão.
Na Copa do Brasil o Flamengo bem que tentou, chegou à final, mas esbarrou no Cruzeiro e na estratégia sem sucesso do goleiro Muralha nas cobranças de pênalti. Com o Corinthians disparado na liderança do Brasileiro, restava ao time carioca lutar pelas primeiras colocações. Com os títulos do Cruzeiro, na Copa do Brasil, e do Grêmio, na Libertadores, o G-4 virou G-6, e a “obrigação” de alcançar a meta se tornou ainda maior.
A conquista da vaga na fase de grupos da Libertadores veio somente no último minuto da última rodada do Brasileiro, com a virada sobre o Vitória, em Salvador. Caso o derradeiro pênalti não tivesse sido convertido por Diego, o Flamengo teria visto o rival Vasco ficar com a desejada vaga. Fato que talvez tivesse efeito ainda mais catastrófico do que a decepcionante campanha na Libertadores, tendo em vista a diferença de investimento feito pelos clubes na temporada.
Diferentemente da Libertadores, o Flamengo faz ótima campanha na Sul-Americana e chega invicto à final contra o Independiente. Se não apaga as frustrações do ano, o título pode significar um alento ao torcedor. Mas seja qual for o resultado é inegável que o fato de estar na final já é algo a ser comemorado após uma longa e desgastante temporada. Serão 84 jogos até a próxima quarta, data do jogo de volta, no Maracanã.
Também é importante ressaltar que o Flamengo perdeu jogadores importantes em determinados momentos da temporada e precisou se reinventar durante todo o ano. Conca não deu certo, Ederson teve câncer, Berrío rompeu os ligamentos do joelho, Diego perdeu jogos decisivos da Libertadores, Diego Alves fraturou a clavícula, Guerrero está suspenso por doping.
Mesmo com todos esses problemas ao longo de 2017 o Flamengo fecha o ano com participação em seis competições, tendo chegado a três finais. Se a temporada não foi dos sonhos, também já não se pode dizer que foi terrível, dadas as circunstâncias. O objetivo foi conquistado, o Rubro-Negro está de volta à Libertadores. A Sul-Americana poderá ser um doce prêmio para um ano tão intenso.

Raphael Bittencourt (pós-graduado em Jornalismo Esportivo e editor do Jornal de Hoje)

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