A arte de ensinar e a arte de aprender (2ª parte)

*Carlos B. González Pecotche

A arte de ensinar é muito diferente da arte de aprender. Efetivamente, tratando-se do conhecimento transcendente, que guia para o aperfeiçoamento, não se pode ensinar o que se sabe se, ao fazê-lo, não for refletida, como uma garantia do saber, a segurança que cada um deve dar com seu próprio exemplo. É aí, justamente, que a arte de ensinar torna-se difícil, porque não se trata de transmitir um ensinamento ou mostrar que se sabe isto ou aquilo; quem assim fizesse se converteria em um simples repetidor do ensinamento, em um autômato, e seu trabalho careceria de qualquer eficácia. Outra coisa é quando, por meio da palavra de quem ensina, coincidente com seus atos, vão se descobrindo qualidades relevantes; e outra coisa é, também, quando se vai manifestando a capacidade de assimilação naquele que escuta e aprende; então, quem aprende, aprende de verdade, e quem ensina, ensina conscientemente.
Um ensinamento pode ser transmitido bem ou mal por quem ensina, mas o fato de transmiti-lo mal não tem porque implicar má intenção ou má vontade; comumente é transmitido de forma errônea por não ter sido bem entendido, vivido ou incorporado a si mesmo. Quem assim faz não possui, certamente, o domínio do ensinamento, que permite não esquece-lo mais; e está longe de ser como aquele que, de posse de uma fórmula, pode reproduzir seu conteúdo a qualquer momento. Esquece o ensinamento quem não teve consciência dele e, por isso, encontra-se na mesma situação de quem aprende. Essas particularidades da arte de ensinar e da arte de aprender devem ser tidas sempre muito em conta.
Quem é generoso ao aprender é generoso ao ensinar.
Para cultivar essas artes, quando se aprende é preciso situar-se sempre na posição mais generosa, que é a de aprender sem mesquinhez, a de aprender para saber dar, para saber ensinar, e não com objetivos egoístas, fazendo-o para usufruto próprio, exclusivo, que é, em última análise, a negação do saber.
A Sabedoria Logosófica prodigaliza-se, por isso, aos que mais tarde saberão ensinar, aos que terão em conta, ao faze-lo, todos os detalhes que comumente passam despercebidos e depois travam o entendimento dos seres.
Quem é generoso ao aprender é generoso ao ensinar; mas nunca se deverá exceder nossa generosidade, pretendendo ensinar antes de ter aprendido.
É necessário conhecer a fundo a psicologia humana, para descobrir todos os subterfúgios que existem no complexo e misterioso mecanismo mental do homem.
Quando se inicia a heróica empresa do próprio aperfeiçoamento, é necessário acostumar-se a caminhar com firmeza, sem vacilações nem desacertos, buscando sempre a segurança no próprio conhecimento, e, quando aquela não existir, este deve ser cultivado, para que se consiga obter desses frutos que fazem, depois, a felicidade interna.

*Autor da Logosofia: Carlos B. González Pecotche. Centro de Difusão e Informação de Logosofia em Nova Iguaçu – CDIL NI.

error: Conteúdo protegido !!