12ª Edição do Meeting of Favela Renova os muros da Vila Operária

Neste domingo, o maior evento voluntário de grafite recebe artistas do mundo todo em Caxias

Faz 11 anos que os muros da Vila Operária, em Duque de Caxias, não são mais os mesmos. Cenário do “Meeting of Favela” (MOF), maior encontro voluntário de arte urbana do mundo, a região recebe no dia 10 de dezembro mais uma edição do evento. São artistas de todos os continentes que se encontram para pintar as paredes da comunidade, que se tornou uma grande galeria a céu aberto. O foco é o grafite, mas o MOF reúne ainda apresentações de B-boys, MCs, DJs, skatistas, atores de teatro e circo, videomakers e fotógrafos.
O tema da 12ª edição é “Respeite as origens”. A frase faz referência às raízes do grafite, à geração anterior que fez história no início do movimento. “Éramos um coletivo da Baixada Fluminense, que se chamava Posse 471, em uma época que o grafite ainda não era bem visto pela sociedade. Nós tínhamos que lutar contra o preconceito de sermos de fora do Rio de Janeiro. Hoje, somos parte da narrativa do grafite nacional e ainda mantemos a nossa essência. Com esse tema, queremos relembrar a trajetória dos primeiros grafiteiros e motivar a galera que está fazendo a cena atual acontecer”, explica Carlos Bobi, um dos criadores do MOF.
Para este ano, o evento já tem confirmada a participação da ONG ArtisLove (Barcelona/Espanha), da rede feminista de grafiteiras REDE NAMI e sua fundadora Pamela Castro (RJ), os uruguaios do Colectivo Licuado, e o artista francês NoeTwo, que vem acompanhado de dois jornalistas da Revista Vice – estão produzindo um documentário sobre o artista e, por isso, vêm ao MOF acompanhá-lo nesta experiência.
Durante o dia do evento, cada grafiteiro bate na porta dos moradores pedindo licença e autorização para pintar o muro ou a parede do imóvel. Os moradores têm completa liberdade, e a exercem bem, para permitir ou não, para sinalizar o local que pode ser pintado e até para encomendar o tipo de pintura que gostariam de ter decorando as suas paredes. Ao final, os muros formam um grande painel, como uma exposição de grandes obras em progresso. Todo ano, são gastas cerca de 5 mil latas de spray para colorir a Vila Operária.

Encontro gera renda para moradores

O encontro também gera renda para os moradores, que prestam serviços, hospedam visitantes e vendem produtos. Alguns deles, inclusive, já fazem parte da equipe de produção do evento e colaboram para a realização do projeto. Por tudo isso, o MOF acabou se tornando parte do calendário afetivo da Vila Operária.
O Sr. Arnaldo, por exemplo, mora na comunidade há mais de 50 anos e, gosta tanto do MOF, que já chegou a pedir para os organizadores realizarem o evento duas vezes por ano.  Segundo ele, o dia do evento é o dia mais feliz para os comerciantes da região, pois o evento atrai muita gente. “Sempre que posso, abrigo o pessoal que vem de Minas lá em casa. Ultimamente, eu costumo ajudar com o que mais gosto: o som. Fico muito feliz em ajudar e peço que papai do céu me dê muita saúde pra estar aqui até os meus 90 anos perturbando eles”, brinca.
Apesar do caráter voluntário, o MOF é realizado com extrema organização. Para controle, os grafiteiros participantes são cadastrados gratuitamente através da página do evento no Facebook (www.facebook.com/meetingoffavela). Os estrangeiros, e os que vêm de fora do Rio, podem solicitar uma vaga no alojamento que é montado na Colégio Estadual Vinícius de Moraes, base operacional do evento.
A Oi, o Governo do Rio, a Secretaria de Estado de Cultura e a Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro patrocinam o MOF, colaborando com melhorias na estrutura e permitindo que o evento ganhe mais visibilidade.

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