Um dos suspeitos de participar de morte de jovens da Via Show continua solto

Parentes e amigos fazem manifestação contra a morte de quatro jovens na saída da Via Show

Era para ser apenas uma noite de diversão naquele dia 6 de dezembro de 2003 para os amigos Geraldo Sant’Anna de Azevedo Júnior, de 21 anos; Bruno Muniz Paulino, de 20; Rafael Paulino, de 18 e Renan Medina, de 13, moradores do bairro Jardim Santo Antônio, em Guadalupe. Naquela noite, os quatro jovens protagonizaram um crime bárbaro na Baixada Fluminense: A Chacina da Via Show.
Eles se reuniram para ir à casa noturna “Via Show”, em São João de Meriti. Ao retornarem para casa, por volta de 4h40, encontram outro amigo: Wallace Lima. Ele e os quatro rapazes conversam um pouco e logo em seguida se despedem. Essa foi a última conversa daqueles jovens, pois três dias depois, no dia 9 de dezembro, foram encontrados mortos com requintes de crueldade e completamente irreconhecíveis com tiros de fuzil em um local chamado Fazenda Morabi, em Imbariê.
O caso que ganhou uma grande repercussão da imprensa na época completa 14 anos este mês. Segundo Adriano Dias, que acompanha casos de violência pela ComCausa, é uma referencia de impunidade pela morosidade do Judiciário e o tratamento diferenciado dado a praças e oficiais da PM. “Dos policiais militares acusados de estarem envolvidos na morte das vítimas, quatro já foram condenados, um já foi morto e o outro foi internado diagnosticado com doenças mentais. Porém, o único oficial suspeito sequer foi julgado e continua integrando a corporação da PM. Ronaldo Paulo Aves Dias sequer chegou a ir ao júri popular e foi considerado impronunciável”, lembrou Adriano.
Para os familiares, o que resta é a saudade, tristeza e uma lacuna que jamais será preenchida. O vazio de perder um filho é uma ferida que, para as mães, nunca irá cicatrizar. Beth, que se tornou uma referência de coragem na luta conta a violência do Estado perdeu os dois filhos Bruno e Rafael Paulino.
“Bruno queria ser policial civil. Ele estava se preparando para fazer concurso público para começar a seguir a carreira”, recorda Siley Muniz Paulino, mãe de uma das vítimas.

A cultura da violência na Baixada Fluminense permanece

Um estudo feito pela Firjan mostra que a Baixada Fluminense lidera o ranking de violência no estado. Nos últimos quatro anos foram assassinados ao todo mais de cinco mil pessoas na região. Ainda de acordo com a Firjan, das 21 áreas que possuem homicídios dolosos em grande escala no Rio de Janeiro e na Região, oito pertencem a Baixada. Os locais mais críticos e com mais números de ocorrência são Duque de Caxias, com cerca de 1000 boletins registrados e Belford Roxo, com mais mil mortes registradas.

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