O forte calor tem ajudado vendedores ambulantes a aumentarem faturamento com a venda de água no trânsito
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Enquanto a temperatura sobe, provocando um calor insuportável, castigando a população do estado do Rio, os ambulantes faturam alto com a venda de água mineral, sucos, refrigerantes e até aquela cerveja gelada durante os engarrafamentos, pontos de ônibus e sinais de trânsito. Nestes últimos dias os termômetros marcaram acima dos 30ºC, chegando a 36ºC ontem, primeiro dia do verão. Segundo o Climatempo, a temperatura máxima de se repetir hoje e chegar a quase 40 graus no domingo de Natal.
Nesse ambiente abafado que se tornou o Rio de Janeiro, a água é o primeiro socorro que se busca quando a boca fica seca e o suor escorre por todo corpo, levando as pessoas à exaustão (cansaço extremo). Os ambulantes sabem disso e aproveitam a situação para faturar um pouco mais, melhorando a renda.
Com o verão no mês de Natal e a temperatura sempre em elevação, os vendedores se aglomeram nos pontos de ônibus, locais de grade concentração pública, fechamento de sinais de trânsito nas ruas da cidade e vias expressas. As ruas centrais de Nova Iguaçu, assim como a Via Light, é exemplo desse mercado de vendedores.
O tempo anda tão quente que nem mesmo os animais estão suportando. A equipe de reportagem do Jornal de Hoje flagrou um cachorro que, ao perceber o ar-condicionado de um supermercado, deitou na porta, com as patas para o ar, curtindo o frescor, sem se incomodar com tantas pessoas que pararam para tirar fotos.

Pai e filho trabalham juntos

Carlos Eduardo vende água e refrigerante nos pontos de ônibus
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Patrick Medeiros da Silva, 14 anos, fica sentado na esquina da Rua Sebastião Herculano com a Bernardino de Melo. “Olha a água, olha a água, o Guaravita”, grita quase sem parar. Estudante de 7ª série do Ensino Fundamental, ele chega às 9h da manhã e costuma gritar até as 21h. “Tem dia que a gente vende 35 caixas de água (cada caixa tem 12 unidades, ou 420 garrafas). Quanto mais quente o tempo, mais a gente vende. Tem gente que compra a água, molha a testa, a cabeça, os pulsos para aliviar o calor e depois bebe”, relata o jovem, que tem a pele queimada de sol devido ao longo período exposto ao forte calor.
Ele conta que ajuda ao pai, André Medeiros, 40 anos, e também recebe apoio dele. “A gente se ajuda”, diz. “Gosto de estudar e de ganhar dinheiro. Com o lucro, compramos coisas para casa, onde somos três irmãos”, conta Patrick, que também fala o seu grande sonho. “Quero ser do Corpo de Bombeiros, para salvar vidas”, alegra-se.

Renda ajuda a realizar sonhos

Além de Patrick, outros ambulantes também embalam diferentes sonhos. Carlos Eduardo, 35 anos, que passa o dia gritando “água, sucos e polvilho”, nos pontos de ônibus da Rua Bernardino de Melo, ao lado da estação ferroviária, também conta seu sonho de todos os dias.
“Com o que ganho, pago aluguel, compro comida e cuido dos filhos. Só dá pra sobreviver. Pra passear, não”, diz, enquanto circula na lateral de um ônibus, oferecendo seus produtos aos passageiros, para realizar seu sonho de sustentar a família. Além disso, muitos ambulantes aproveitam para realizar até projetos que estavam parados havia muito tempo por falta de dinheiro.
Lucas Edson Lima, 17 anos, é casado e tem dois filhos (um de seis meses e outro de dois anos). Mostrando senso de responsabilidade de pai de família, ele passa o dia entre veículos na Via Light, gritando “água, água, água, refrigerante”, sempre que fecha o sinal no cruzamento com a Rua Coronel Francisco Soares. “O lucro é para cuidar da família”, garante. Em outro cruzamento da via, Jonas Pereira, 28 anos, tem outro projeto. “Neste calor e nesta época, procuro faturar mais para construir mais um quartinho lá em casa. Ela tem apenas um cômodo, com banheiro e fogão, para seis pessoas”, conta, enquanto se esgoela entre um corredor de veículos parados na pista da Via Light.

por Davi de Castro – davi.castro@jornalhoje.inf.br