Lutadora de Queimados faz rifa para disputar competições internacionais

Aos 17 anos, Júlia Alves, sonha disputar o Pan-Americano e o Mundial de Jiu-Jitsu e precisa arrecadar cerca de R$ 3 mil para custear passagens aéreas e inscrição nas competições

O que você seria capaz para realizar um sonho? A jovem Júlia Alves, de 17 anos, moradora do bairro São Cristóvão, em Queimados, mostra diariamente que a luta atrás de um objetivo não é fácil, mas não desiste. Ela é lutadora de Jiu-Jitsu e não mede esforços para disputar duas competições que podem alavancar sua carreira: O Pan-Americano e o Mundial da modalidade, que serão disputados nos Estados Unidos, em março (Irvine, Califórnia) e junho (Long Beach Califórnia), respectivamente. Para realizar sua primeira viagem internacional, a adolescente idealizou a venda de rifas para amigos e familiares, mas ainda não conseguiu a quantia necessária parar arcar com os custos.
A luta não tem sido fácil. Entre a rotina de escola, treinos e ainda ajudar a mãe a cuidar dos irmãos, Júlia tem se empenhado na busca pelos recursos para a viagem. Atualmente, ela conseguiu arrecadar das rifas e doações, cerca de R$ 1,2 mil: menos da metade do valor que precisa para as passagens aéreas e inscrição nas competições. “Não vou desistir do meu sonho. Sei que é difícil, mas tenho certeza que tenho condições técnicas de representar o meu país, a minha cidade, da melhor forma possível. Este é meu grande objetivo e não vou abrir mão disso”, ressaltou a menina.
Ela pretende ficar nos Estados Unidos durante quatro meses, período entre as duas competições. Neste tempo, a jovem atleta vai treinar e morar em uma academia norte-americana e isso vai trazer economia nos custos com hospedagem. Os gastos serão apenas para passagem e alimentação. “Minha família me ajuda como pode, meus mestres. Todos sabem da importância destas competições para a vida de um atleta que está começando a carreira. Estou me preparando há mais de um ano para isso. Os resultados são bons, mas preciso elevar o nível de competitividade”, disse.
E se depender do currículo de Júlia, a atleta tem grandes chances de trazer uma medalha para o Brasil em terras americanas. Só em 2017, a moça, de faixa azul, subiu ao pódio 11 vezes em competições oficiais, alcançando o primeiro lugar em oito oportunidades. Dentre os títulos conquistados pela jovem, se destacam a medalha de ouro em quatro etapas da FJJD-RIO (Federação de Jiu-Jitsu Desportivo do Rio de Janeiro) e Campeã Peso e Absoluto do Sul-Americano, em São Paulo, na categoria juvenil feminino, leve, até 56,5 kg. Este ano, a primeira competição será ainda em janeiro, em Guarapari-ES.

Paixão pelo Jiu-jitsu

A jovem lutadora, no alto do pódio, deseja treinar durante quatro meses nos Estados Unidos

Aos 13 anos, Júlia não se imaginava atleta. Entre as brincadeiras de criança, como futebol, queimada, piques, o amor pelo jiu-jitsu surgiu de repente. “Havia um projeto social no bairro Parque Santiago e eu vi um dia a montagem de um tatame. Fiquei curiosa e vi as pessoas se envolvendo e também me apaixonei pelo esporte. Comecei a treinar aos sábados e evolui. Na minha primeira luta ganhei por finalização, após sete meses de treino. Em seguida fui derrotada por 24 a 0 e vi que precisava me dedicar ainda mais”, relembrou.
Tudo começou a mudar quando Júlia viu que a modalidade poderia transformar sua vida literalmente. Desde então, a jovem treina na Academia Tecnoforma, em Nova Iguaçu e os mestres Gustavo Santana e Valéria Alves têm a ajudado muito na parte técnica, psicológica e, às vezes, financeira. Hoje ela aproveita o período de férias escolares para se dedicar todos os dias aos treinamentos e às vendas das rifas. “É uma menina dedicada, focada e, certamente terá um grande futuro no esporte”, disse Gustavo.

Anjo da guarda

Antes do bom momento atual, Júlia passou por situações difíceis. Durante um treinamento, ela quebrou a clavícula e teve que ser hospitalizada, Aí surgiu uma pessoa especial em sua vida: o atual Secretário Municipal de Esporte e Lazer de Queimados, Júlio Coimbra. Comovido pela situação e ciente do potencial da atleta, ele pagou todos os custos hospitalares, exames e remédios e, ainda, ajudou com o passaporte internacional da jovem: “Ele foi muito importante numa fase muito ruim. Uma pessoa do bem, que faz o possível para ajudar a todos. Sou muito grata e essa conquista também será pra ele”, concluiu.

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