Fiéis celebram centenário de Dom Adriano Hipólito

O líder religioso, falecido em 1996, teria completado 100 anos na quinta-feira

Moradores dos vários municípios que fazem parte da Diocese de Nova Iguaçu se encontraram na noite de quinta-feira (18), na Catedral de Santo Antônio, para a Missa em comemoração ao centenário de Dom Adriano Hipólito. O líder religioso foi figura de grande importância para história para a Igreja Católica e para as lutas sociais da Baixada, principalmente nos anos mais duros da ditadura.
Na ocasião, centenas de fiéis e amigos de Dom Adriano Hipólito prestigiaram sua memória e relembraram momentos importantes protagonizados por ele em defesa da classe menos favorecida da região. “Ele sempre se colocou na defesa dos direitos dos pobres, dos trabalhadores e dos excluídos. Por causa disso ele sofreu perseguições, calúnias. Ele queria que os direitos de cada pessoa fossem compreendidos”, disse Dom Luciano Bergamin, atual Bispo da Diocese de Nova Iguaçu que conduziu a cerimônia.
A trajetória de Dom Adriano Hipólito pela defesa de pessoas de vulnerabilidade social na Baixada rendeu outros projetos desse modelo na região. O mais importante desses projetos é a Casa do Menor São Miguel Arcanjo, fundada pelo Padre Renato Chiera. “Ele colocou em mim o amor ao povo, o amor aos pobres. Ele me motivou a começou o trabalho com crianças e adolescentes carentes. Ele foi e é um modelo para mim”, disse o Padre Renato.
Entre muitas homenagens, também aconteceram momentos emocionantes. Algumas mães que perderam seus filhos por causa da violência estenderam cartazes em forma de protesto. Ao final da cerimônia, todos fizeram uma prece pelo mesmo propósito: paz.
Para o jornalista Hyago Santos, “Dom Adriano Hipólito deixou uma herança para a Baixada. Uma herança de ajuda, de estender a mão a quem precisa sem esperar nada em troca. Por conta disso, outras gerações que vieram depois puderam desfrutar de uma iniciativa que mudou a história da Baixada Flumimense”.
Hyago foi um dos alunos dos cursos da Casa do Menor e trabalhou como Jovem Aprendiz no local. Ele se considera “um dos herdeiros do legado de Dom Adriano”.
Dom Adriano Hipólito nasceu em Aracaju, em 18 de Janeiro de 1918, como Fernando. Adotou o nome Dom Adriano Mandarino Hipólito quando ordenado padre em Salvador, em 1942. Frade franciscano, em 1966 foi nomeado terceiro Bispo da Diocese de Nova Iguaçu – formada por sete municípios da Baixada Fluminense –, onde atuou por 28 anos.
Sob o controle dos órgãos de repressão e grupos de extermínio, Dom Adriano foi personagem central na luta por direitos humanos durante a ditadura (1964-1985). Por sua defesa dos mais vulneráveis, sofreu várias ameaças que culminaram no seu sequestro, quando foi espancado e abandonado despido num matagal em Jacarepaguá, com o corpo pintado de vermelho. Posteriormente o carro do religioso, um Fusca, foi explodido em frente à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sediada no bairro da Glória na época.
Durante e depois da ditadura, o Bispo também atuava com rigor em relação à violência. Quando se tratava dos crimes cometidos pelo Esquadrão da Morte, cobrava diretamente das autoridades a investigação, elucidação e punição dos culpados; contrariando a principal ideia propagada de que o esquadrão atuava contra marginais.
Dom Adriano faleceu em São Lourenço, Minas Gerais, no dia 10 de agosto de 1996, deixando um grande legado de fé e coragem. A Diocese de Nova Iguaçu e movimentos sociais que surgiram a partir dos ensinamentos deixados pelo líder religioso farão diversas atividades ao longo do ano em homenagem ao centenário. A ComCausa, um dos movimentos seguidores dos princípios do religioso, disponibilizou um portal em sua memória (comcausa.net/DomAdrianoDaBaixadaFluminense).

 

Colaboração: Adriano Dias

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