Campello toma posse no Vasco

Alexandre Campello (centro) tomou posse ontem como novo presidente do Vasco
Paulo Fernandes/Vasco.com.br

Vencedor da eleição da última sexta-feira, Alexandre Campello foi empossado ontem à noite, na sede náutica da Lagoa, junto com seus vice-presidentes. O pleito foi histórico, já que nunca antes o resultado das urnas não tinha sido repetido no Conselho Deliberativo, o que levantou a discussão sobre o processo eleitoral cruz-maltino. Arcaico? Ultrapassado? A verdade é que todas as correntes políticas do clube defendem que o estatuto precisa de uma revisão para ser modernizado, inclusive o grupo de Eurico Miranda.
As últimas modificações foram feitas em 2015, mas para isso é necessário seguir um protocolo. Primeiro, é preciso propor uma comissão ao Conselho Deliberativo, que elabora, aprova e, posteriormente, leva até a Assembleia Geral. Um processo longo de negociação que, estima-se, levaria mais de um ano.
No Vasco, a eleição é indireta. Os sócios votam nas chapas, e a vencedora indica 120 nomes para o conselho. A que fica em segundo, 30. Estes 150 se juntam a outros 150 conselheiros natos. Na reunião do Deliberativo, os 300 votam para eleger o presidente. A ideia de não fazer a eleição direta é impedir que um presidente seja eleito sem ter sustentação para tocar a gestão.

Brant reclama, e Campello sugere discussão ampla

Vencedor nas urnas e segundo colocado no Conselho, Julio Brant reclamou de falta de democracia no processo. Na véspera do pleito, Alexandre Campello anunciou que não seria mais vice na chapa de Brant e se lançou candidato. Os votos do grupo de Eurico Miranda foram determinantes para sua vitória.
“Em 120 anos jamais aconteceu de a vontade do sócio ser desrespeitada no conselho. Isso é uma vergonha para um clube que se diz democrático. Aconteceu de o segundo lugar se juntar ao quarto lugar, a quem se dizia contra, para impedir uma real mudança dentro do Vasco”, reclamou Brant.
Campello defendeu que houve legalidade e que a democracia foi respeitada. Ele também acredita que alterações no rito de eleição são bem-vindas, desde que sejam feitas com uma ampla discussão para evitar que aventureiros tenham espaço.
“O estatuto é antigo e precisa de discussão sim. Não estou dizendo que está certa ou errada a maneira da eleição, mas acho que precisamos de mecanismos de defesa. Podemos fazer eleição direta, mas com condicionantes. Poderia, por exemplo, ter a exigência de o candidato ter ao menos um mandato como conselheiro. Mas não sou eu quem vou dizer como deve ser o estatuto, é preciso uma discussão ampla, votação no Conselho…”

Cenário político complicado para Brant

A forma como Julio Brant se comportou entre a vitória nas urnas e a eleição no Conselho foi bastante criticada por opositores e lhe criou um ambiente ruim entre os conselheiros natos. Há quem acredite que, mesmo que conseguisse a vitóri, ele enfrentaria muita resistência interna para governar.
“Realmente a oposição venceu, o Campello está certo. Nós vamos sair. Nos deram a chance de escolher com quem poderíamos ter diálogo. O Brant não venceria sem os votos do Campello, e administrou muito mal. É uma lição a ser aprendida. Porque se a eleição é direta e ele vence, mesmo assim poderia cair depois. O Vasco já teve impeachment exatamente por isso”, disse um membro do grupo de Eurico Miranda.
O impeachment foi do presidente Reynaldo de Mattos Reis, em 1969. Na época ele, que não era uma pessoa presente no dia a dia clube, se afastou dos conselheiros mais antigos. Em uma sessão, que precisou ser adiada, o relato é de que até um disjuntor foi desligado na tentativa de inviabilizar o andamento do processo. Então com 25 anos e vice-presidente de Patrimônio, Eurico Miranda foi acusado de ser o responsável.
Com a saída confirmada de Reis, foi nomeado um interventor, Agathyrno Silva Gomes. O “Jornal do Brasil” publicou na ocasião uma nota emitida pela torcida Leões Vascaínos: “Lembramos ao Sr Reynaldo Reis que não tem condição nem autorização para falar em nome da Torcida do Vasco. A Torcida não é rebanho, mas sabe se conduzir e elevar o seu Clube”.
O que diz o estatuto:
Artigo 81 – Além das atribuições que lhe são conferidas em outras partes deste Estatuto, compete ao Conselho Deliberativo:
I – Deliberar e decidir sobre as propostas de alteração ou reforma do Estatuto submetendo-as para aprovação ou não da Assembleia Geral.
Artigo 74 – Compete à Assembleia Geral, exclusivamente, decidir, por escrutínio secreto, quanto à dissolução, extinção ou fusão do Clube e ainda:
– Reformar ou alterar o estatuto por proposta do Conselho Deliberativo.
Fonte: Globoesporte.com

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