
A menos de duas semanas para o início do carnaval, mais um problema afeta a organização da festa deste ano,já marcada pela redução da subvenção da prefeitura e por interdições dos barracões por fiscais do Ministério do Trabalho. Após dois anos consecutivos em que os ingressos se esgotaram, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) prevê um encalhe para os dois dias dos desfiles principais no Sambódromo. Devem sobrar oito mil ingressos de arquibancadas (quatro mil por dia), o equivalente a 10% da oferta.
Caso essas previsões se confirmem, será o pior resultado para os desfiles do Grupo Especial desde que a Marquês de Sapucaí foi ampliada, com a construção de novas arquibancadas no setor par, em 2012. Coordenador da Central de Vendas da Liesa, Heron Scheinder atribui o encalhe à crise econômica:
“No caso do Rio, o pior da crise ocorreu em 2017” diz ele.
Mas a Liesa tem uma estratégia para evitar grandes vazios nas arquibancadas: botar à venda cargas limitadas de ingressos para todos os setores, não liberando todas as vagas disponíveis ao mesmo tempo. Isso, segundo Heron, deve ajudar a evitar clarões, sobretudo nas arquibancadas inauguradas em 2012, que são menos procuradas:
“O recurso permitirá uma ocupação mais uniforme das arquibancadas”, explica.
A redução da procura ocorreu apesar de os preços estarem congelados desde 2011. E coincidiu com o primeiro carnaval em que a Liesa antecipou o início das vendas para novembro e passou a aceitar cartões de crédito para pagamentos pela internet. Além disso, a Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (Abav) não conseguiu fechar todos os pacotes turísticos. Dos 4,6 mil lugares (2,3 mil por dia) nas arquibancadas do setor 9, foram devolvidas 1,9 mil, que agora são oferecidos ao público em geral.
Para o presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, a pouca procura por ingressos na Sapucaí é resultado de uma mudança nos hábitos dos visitantes, que passaram a ser mais atraídos pelo carnaval de rua nos últimos anos.
“Entendo que o turista mudou seu foco e não tem mais tanto interesse pela Sapucaí. Ano após ano, a cena mais comum nas arquibancadas do setor 9 é ver os gringos perdendo o interesse pelo que acontece na pista, a partir da terceira escola de samba”, diz Lopes. — Como destino turístico, o Rio está sendo procurado. A expectativa é que chegaremos no carnaval com 90% de leitos de hotéis ocupados. Hoje, estamos com 75% das vagas reservadas na Barra e 80% na Zona Sul. Logo, o encalhe dos ingressos para os desfiles não pode ser explicado pela falta de turistas.
Vagas para todos os setores
Ainda há ingressos para todos os setores de arquibancada. A Liesa acredita que, como em todos os anos, os 28 mil lugares (14 mil por dia) para os setores populares, o 12 e o 13, vão se esgotar. Os ingressos, de R$ 10, serão venidos por pré-reserva telefônica a partir das 9h da próxima quarta-feira, com pagamento até 3 de fevereiro. Para o sábado das campeãs, a previsão da Liga é que os ingressos se esgotem, a exemplo do que aconteceu nos anos anteriores.