Praça que reunia elite iguaçuana agora abriga usuários de drogas

O obelisco localizado no centro da Praça da Liberdade fica tomado por sujeira deixada por moradores de rua e usuários de drogas
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

O que deveria ser um dos cartões postais da cidade, a Praça da Liberdade, situada no centro de Nova Iguaçu, bem no coração da cidade, está cada vez mais distante daquele ambiente tranquilo, bucólico e glamoroso que já foi um dia.
Atualmente a praça, onde acontece o ponto mais alto da solenidade de aniversário do município, é fedorenta, descuidada, com iluminação precária, bancos quebrados, árvores sem poda, lixo, moradores de rua e usuários de drogas.
Situada às margens da Avenida Marechal Floriano Peixoto, em frente à estação ferroviária de Nova Iguaçu, a Praça da Liberdade se tornou um espaço que, de tão descuidada e abandonada, está mais para ser motivo de vergonha do que de orgulho para os habitantes de Nova Iguaçu. O local, que um dia se chamou de Ministro Seabra e era o ponto de encontro da elite iguaçuana, hoje é mal visto por quem cruza a cidade, seja a pé, pela linha férrea ou de ônibus.
“Essa Praça (da Liberdade) deveria ser um dos cartões postais de Nova Iguaçu”, lamenta Gilberto dos Santos, 56 anos, que disse ter alcançado os tempos de glamour do local, onde havia o Cinema Verde e o Bar Elite. “Quem passa de trem ou ônibus e vê a praça desse jeito, leva uma péssima impressão da cidade”, completa Artur dos Anjos, 67 anos.
A sujeira sobre o piso desnivelado, causando mau cheiro; os blocos de cimento espalhados, evidenciando que ali existiu um assento, mostram o quanto o espaço está abandonado. Além disso, também está à mostra de todos que passam pela Praça da Liberdade, as 15 árvores sem poda, cujos galhos se entrelaçam à fiação elétrica; as velhas e mal conservadas mesas de cimento, destinadas a jogos de dama, baralho e dominó; os moradores de rua, com suas bugigangas, deitados por qualquer lugar, enquanto outros abordam pessoas em busca de esmolas. Há ainda uma grande concentração de usuários de drogas que consomem entorpecentes sem qualquer cerimônia e a qualquer hora do dia. Tudo isso cercado de lojas de departamentos e bares de um lado e a estação ferroviária do outro, tendo ao meio barracas desordenadas e sem padrão, que vendem de tudo um pouco.

Tempos de glória e fracasso

Antes ponto de encontro da alta sociedade iguaçuana, praça agora tem bancos quebrados e barracas sem padrão
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Muito embora o município exista desde o ano de 1833, a Praça Ministro Seabra só ganhou fama a partir do dia 15 de janeiro de 1933, quando o então prefeito Sebastião de Arruda Negreiros escolheu o local para comemorar o centenário de Nova Iguaçu. Desde então, sob o obelisco que traz o busto do fazendeiro Francisco José Soares, fundador da cidade, se realiza o ponto mais alto das comemorações de aniversário de Nova Iguaçu, a exemplo do que aconteceu em 15 de janeiro deste ano, nos 184 anos de emancipação do município. Aliás, a Praça deixou de ser Ministro Seabra e passou a se chamar de Liberdade, em homenagem à independência político-administrativa de Nova Iguaçu.
A Praça era um dos locais mais movimentados da cidade, onde havia o Bar e Bilhares Elite, além do Cinema Verderosa, que se tornou Cine Verde, cujos locais eram frequentados pelas famílias tradicionais e a elite iguaçuana. Fundado em 1924, o Cine, que exibia filmes com projetores de 35 milímetros, um dos mais modernos da época, chegou a apresentar 1.200 sessões por ano, sendo assistidas por 400 mil pessoas no mesmo período. Nos anos 1980 começou a decadência. Na intenção de trazer o glamour de volta, o jornalista Alberto Aquino chegou a trazer ao local a atriz Vera Fischer, sua amiga pessoal, para apresentar um filme de muito sucesso que a gaúcha estrelava naquela época.
Mas nada disso adiantou. O Cine Verde adotou a linha de filmes pornô e assim chegou as portas no ano de 2009. “Essa Praça só não fecha também, porque não tem portas”, ironiza um comerciante local.

por Davi de Castro – davi.castro@jornalhoje.inf.br

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