Favelização e recrutamento de jovens pelo tráfico são causas da violência em Angra

Angra dos Reis registra confrontos há quase duas semanas Foto: reprodução

O município de Angra dos Reis, na Costa Verde do Estado do Rio, já registra 12 dias de violência e confrontos diários na disputa pelo tráfico de drogas em comunidades locais. Em entrevista à Globo News nesta quarta-feira, o major Ivan Souza Blaz, porta-voz da PM, afirmou que a onda de violência deve-se principalmente ao processo de favelização e ao “know-how” (conjunto de conhecimentos práticos adquiridos) presentes na região.

“O que mais dificulta é a mudança nas demandas da segurança pública em Angra dos Reis. Os criminosos locais estão passando as técnicas para os jovens e para as outras pessoas que vivem nessas comunidades carentes recém-criadas. Trata-se realmente de uma atividade criminosa se infiltrando e recrutando novos agentes”, explica o major.

Ainda segundo Blaz, outra questão precisa ser levada em consideração. Angra dos Reis, tradicionalmente uma cidade turística e paradisíaca, vive uma ocupação irregular do solo nas encostas da Estrada Rio-Santos, o que, segundo o major, proporcionou a criação de bolsões de pobreza, que, posteriormente, tornaram-se áreas de influência do tráfico de drogas.

“É importante não ter uma visão paternalista quando observa-se uma área de Mata Atlântica sendo ocupada, porque a gente sabe no que isso vai resultar: bolsões de pobreza com serviços públicos ausentes.

Durante a entrevista, o porta-voz da PM negou que haja uma migração de traficantes da Região Metropolitana do Rio para as cidades da Costa Verde, como Angra dos Reis e Mangaratiba. Segundo ele, a PM tem atuado em parceria com as prefeituras desses dois municípios para que possa ser realizado um controle maior da entrada de pessoas. Blaz defende também a aplicação de ações eficazes para que os jovens moradores das comunidades carentes não sejam recrutados pelo tráfico.

“Hoje, os marginais que são presos lá não vieram de nenhum outro local. A unidade policial (33º BPM) está habituada a lidar com questões ligadas principalmente ao turismo, por tratar-se de uma região turística. É preciso uma tropa experimentada na área operacional em locais conflagrados, como comunidades carentes. Deve-se retreinar a tropa local e solicitar o apoio de outras unidades. Não é algo que o batalhão está acostumado a lidar. É preciso ainda repensar a ocupação do solo nessas áreas.

Nesta segunda-feira, houve relatos de tiros em Sapinhatuba 1 e 3. A Polícia Militar, no entanto, disse que não foi acionada. Os confrontos têm ocorrido no Frade, Parque Belém e Sapinhatuba. Nove suspeitos morreram e um foi preso na semana passada, durante ação do Comando de Operações Especiais (COE). Também foram apreendidos dois fuzis, seis pistolas, munição e drogas. As ocorrências foram registradas na 166ª DP (Angra dos Reis).

 

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