Gilmar Mendes ‘bota’ Sérgio Côrtes na rua

Ex-secretário de Sérgio Cabral ganhou liberdade por determinação do STF. Na saída do presídio ele foi apupado por manifestantes
Reprodução da TV

Na tarde de ontem (8), o ex-secretário de Saúde do governo Cabral, Sérgio Côrtes, deixou a prisão, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Côrtes estava preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, desde abril do ano passado. Manifestantes que estavam em frente à cadeia protestaram quando Côrtes saiu e se encaminhou a um carro que o aguardava.
Côrtes foi preso durante a Operação Fatura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio que investigou fraudes em licitações de próteses para o Instituto Nacional de Traumatologia (Into). Os investigadores afirmam que, entre 2006 e 2017, os desvios chegaram a R$ 300 milhões. Côrtes é um dos que aparecem nas famosas fotos da “farra dos guardanapos”, quando o então governador Sérgio Cabral ofereceu um jantar num restaurante de luxo, em Paris, para secretários e empresários.
Em sua decisão, o ministro Gilmar Mendes determinou que a prisão preventiva seja substituída por outras medidas cautelares, como a proibição de Côrtes fazer contato, por qualquer meio, com outros investigados na chamada Operação Fatura Exposta – um desdobramento das operações Calicute, que resultou na prisão de Sérgio Cabral, em 2016, e Eficiência, que determinou a prisão do empresário Eike Batista, em 2017.
O ex-secretário de Saúde também ficará proibido de deixar o Brasil, devendo entregar seu passaporte em até 48 horas a partir da notificação. Além disso, Côrtes não poderá deixar sua residência durante a noite e nos fins de semana.
Na sentença, Mendes afirma que os fundamentos que levaram à decretação da prisão preventiva há quase um ano “se revelam inidôneos para manter a segregação cautelar. O magistrado compara a situação de Côrtes a dos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, presos na mesma Operação Fatura Exposta. Mendes já havia substituído as prisões preventivas de Iskin e Estellita por medidas cautelares, determinando que os dois fossem soltos.
>> Côrtes quer continuar a atender os detentos – Em nota, a defesa de Sérgio Côrtes afirmou que solicitou à Justiça Federal do Rio de Janeiro, independentemente da decisão anunciada ontem, autorização para que Côrtes continue prestando atendimento médico aos detentos do presídio de Benfica, como vinha fazendo durante o período de detenção, por entender que a suspensão deste trabalho traria prejuízos aos internos da unidade.

“Nossas putarias têm que continuar”
escreveu Côrtes ao empresário Iskin

O ex-secretário de Saúde do Rio aparece nas fotos da “farra dos guardanapos”, em Paris

O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia, na quarta-feira (3/5/2017), contra o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes, o empresário Miguel Iskin e Sergio Vianna Junior sob a acusação de obstrução da Justiça. A procuradoria aponta que Côrtes e Iskin agiram para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, usando Vianna como intermediário. A investigação interceptou email de Côrtes para Iskin no qual os dois tentaram combinar versões a serem apresentadas à Justiça e buscam uma forma de manter o esquema criminoso. “Meu chapa, você pode tentar negociar uma coisa ligada à campanha. Pode salvar seu negócio. Podemos passar pouco tempo na cadeia… Mas nossas putarias têm que continuar”, escreveu Côrtes para Iskin, segundo a procuradoria.
A denúncia aponta que o ex-secretário de Saúde e o empresário agiram, usando Vianna como intermediário, para pressionar o ex-subsecretário Cesar Romero a alterar sua delação premiada, que estava em fase de negociação com o MPF. Eles teriam oferecido inclusive dinheiro, e tentaram combinar entre si versões a serem apresentadas, na tentativa de dificultar as apurações dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e na Secretaria Estadual de Saúde do Rio.
“A preocupação entre os denunciados em estancar as investigações ou pelo menos impedir que chegassem com força às suas condutas era evidente”, diz o MPF na denúncia.
Côrtes, Iskin e Vianna foram presos durante a Operação Fratura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio, que apura fraudes em licitações e pagamento de propina na aquisição de equipamentos de saúde para a rede estadual.

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