Bagunça no abandonado bairro de Austin

A desordem toma conta do bairro de Austin. Ambulantes expõem mercadorias fora da loja e dificultam a passagem de pedestres
Fotos: Davi de Castro / Jornal de Hoje

Apesar da importância econômica e eleitoral que o bairro de Austin representa para os cofres da prefeitura de Nova Iguaçu, a localidade está relacionada entre as mais abandonadas da cidade. Sem planejamento urbano, o desordenado comércio da rua Coronel Monteiro de Barros, no centro, se mistura com a falta de higiene, e mostra que a região está esquecida pelo poder público.
Apesar da importância econômica, como o segundo maior polo de arrecadação de impostos de Nova Iguaçu, o bairro de Austin tem menos de 30% de ruas saneadas, drenadas e pavimentadas. A iluminação pública é precária e o atendimento na saúde ainda é bastante ruim – era muito pior antes da inauguração da UPA 24 Horas. Um dos bairros mais populosos da cidade, a localidade tem aproximadamente 100 mil habitantes, dentre os quais se contabilizam quase 40 mil eleitores.
No entanto, Austin está mal cuidado e sem projeto com visão de futuro. “Isso aqui já foi bom. A gente votava e o governo respondia com obras. Tivemos vereadores que trabalhavam muito pelo bairro. Hoje, sumiram todos. Nem vereador e nem prefeito dão as caras aqui, fora do ano eleitoral”, ataca o morador Maurílio Santos Dias, 65 anos.
“O centro de Austin, na rua Coronel Monteiro de Barros, é uma bagunça. Ambulantes pra todo lado, sem higiene e organização. Esse centro parece uma lixeira e a passarela da estação é uma imundice. Isso foi melhor no tempo de Célio Carreiro. O centro está muito feio”, avalia Donato dos Santos Barbosa, 37 anos.

Austin é coisa da Índia

Além da exposição irregular de mercadorias, motoristas estacionam os carros em qualquer lugar
Fotos: Davi de Castro / Jornal de Hoje

O primeiro impacto que se tem ao chegar ao centro de Austin, principalmente na rua coronel Monteiro de Barros, é que nenhum governante sequer visitou o lugar. O panorama da rua faz lembrar centros comerciais da Índia, com ônibus, transeuntes, carros de passeio e bicicleta disputando espaço uns com os outros pelo meio da rua e até pelas calçadas.
Na coronel Monteiro de Barros, acrescenta-se a isso as barracas de frutas, calçados, legumes, bebidas alcoólicas, ovos, plásticos, materiais de construção, hidráulicos e elétricos, peixes, roupas, salgadinhos, eletro-eletrônicos, mototáxi, plantas, uber, raízes, táxis, mercadinhos e tendas com as mais variadas bugigangas. A passarela da estação ferroviária, cheia de barracas e coberta de plásticos, produz o aspecto de comunidade miserável, abandonada no tempo.
Benedito Pereira Barbosa, 73 anos, fica indignado com a desordem do lugar. “Aqui é tudo desorganizado. Uma verdadeira bagunça. Aqui é comum a fila dupla de carros, impedindo a passagem de ônibus. As barracas atrapalham a gente passar pelas calçadas. Ninguém respeita ninguém. Cada um faz om que quer. Essas barracas deveriam ser padronizadas. Ficaria bonito e daria um aspecto de limpeza ao bairro”, sugere.

Projetos não executados

Entretanto, para Célio Carreiro, que já foi vereador do bairro, “a situação não é boa, mas o projeto futuro existe”, revela. “Os dois governos anteriores fizeram projetos de reurbanização, organização e embelezamento do centro de Austin. Mas, não sei os motivos pelos quais esses projetos não foram executados”, diz. Porém, não é apenas o centro de que precisa de obras. A região dos bairros Excelsior e Eurico Miranda está caindo aos pedaços. “Aqui não temos saneamento, drenagem e nem asfalto. A região é escura, não há unidade de saúde e a área onde seria construída uma escola voltou a ser o campo de futebol do Excelsior”, lamenta João Tiago de Melo, 46.

por Davi de Castro
davi.castro@jornalhoje.inf.br

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