*Carlos B. González Pecotche
O descumprimento reflete um estado de ânimo propenso ao descuido do dever, da palavra empenhada, do compromisso contraído. Em todos os casos implica não só a falta de responsabilidade, mas também de escrúpulo. É uma das tantas falhas da psicologia humana que têm origem no descuido na educação infantil, que persistem e se avolumam com o transcurso do tempo, por desconhecimento da vida e atividade dos pensamentos.
Trata-se de uma falha que atenta contra as ideias, propósitos e interesses do próprio ser, que, por sua causa, deixa de cumprir com muitos dos fins que se propõe para seu bem.
A pessoa que tem esta deficiência não poderá nunca conservar a confiança nela depositada por seus semelhantes; tampouco conseguirá respeito, pois não pode merecê-lo quem mostra não respeitar suas próprias determinações, sobretudo se, ao empenhar sua palavra, não repara no prejuízo que seu descumprimento pode ocasionar.
Para o descumpridor, é muito pouco conhecido o valor real das palavras em relação à força anímica que as alenta. Isso não significa que se tenha de ser escravo da palavra que se emite, mas sim que se deve honrá-la. Deve-se saber que há meios muito eficazes para conciliar situações, sem perder a liberdade, tais como a prudência, que recorda impedimentos pessoais e demais dificuldades para cumprir uma promessa; o senso de medida que defende contra a imprevisão, evitando faltar à palavra diante de eventuais riscos; a sensatez, que propicia a exatidão na avaliação do motivo que cria a obrigação, entre outros. Formalidade é a palavra de ordem, a virtude para conquistar a extinção desta deficiência.
Mas não basta o desejo de ser formal para combate-la; faz falta uma boa dose de vontade para distanciar primeiro a repetição de suas manifestações, e elimina-la depois totalmente.
Será preciso vigiar todo movimento mental tendente a dificultar o propósito concebido. O empenho inicial deve ser acompanhado da necessidade de sustentar esse propósito, para sentir o gozo proporcionado por esse traço de integridade que incorporamos a nosso conceito, no qual se espelha o que pensamos e somos capazes de realizar.
*Autor da Logosofia: Carlos B. González Pecotche. Centro de Difusão e Informação de Logosofia de Nova Iguaçu – CDIL NI