Forças de Segurança fazem operação na Favela Kelson’s

Os militares na Favela Kelson’s, na Penha Foto: divulgação

As Forças de Segurança fazem, na manhã desta terça-feira, uma operação na Favela Kelson’s, na Penha, Zona Norte do Rio. A ação visa a desobstrução de vias e combate ao crime organizado na comunidade. Equipes das Forças Armadas e das polícias Civil e Militar participam da operação. Ainda não há informações de prisões e apreensões.

A operação na Kelson’s é com base no Decreto Presidencial de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), assinado em 28 de julho de 2017, e foi planejada antes da intervenção federal na segurança do Rio, informou a Secretaria de Segurança do Rio.

“Operação tem objetivo de coibir, ela não tem objetivo de números. Só quer fazer ação de presença, coibir atividade ilícita. Não há cumprimento de mandados, prisões a serem realizadas. Não crie expectativa de números. Ela é presencial, envolve quase todo o território do Rio de Janeiro, desde os seus limites até o interior da cidade”, afirmou o porta-voz do Exército, coronel Roberto Itamar.

Enquanto a ação ocorrer, ruas e acessos à Kelson’s podem ser interditadas, assim como pode haver restrições do espaço aéreo para aeronaves civis. Não há interferência nas operações dos aeroportos.

Representantes das forças mobilizadas na operação acompanham a movimentação das equipes no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, região central do Rio, desde as 5h.

Morando novamente no Rio – na Favela Kelson’s, na Penha, X. não vê a hora de voltar para a Paraíba, seu estado natal. A cidade já não é o oásis de oportunidades que em décadas passadas atraía nordestinos em busca de emprego. E a violência assusta. O sonho da família hoje é voltar para João Pessoa no início de 2019.

“Lá, a gente tem casa em prédio. Tem mais espaço. É melhor para morar”, disse a dona de casa, com sotaque ainda carregado.

Ela já morou no Rio por três anos, diz, mas retornou no fim do ano passado porque a irmã, que ainda tem emprego na cidade, precisa de ajuda para cuidar dos filhos da irmã. Hoje, na pequena casa de apenas um cômodo e banheiro, vivem nove pessoas, incluindo as crianças.

“Não dá nem para colocar o colchão no chão direito de tão pequeno”, resumiu a mulher, que por segurança preferiu não se identificar.

A casa dela fica em um beco na entrada da favela. No corredor, quase todas as casas são de madeira.

Alheia a qualquer discussão sobre intervenção federal e à polêmica a respeito dos mandados colectivos de busca e apreensão, a única preocupação é cuidar das quatro crianças da casa, de 1, 4, 7 e 9 anos.

“Não sei nem o que dizer (sobre a intervenção). Acordei hoje e vi o Exército”, afirmou, se referindo a homens da Marinha, que faziam cerco próximo a sua casa. “O Rio tá perigoso. Só sei que estou com todos os documentos numa caixa, caso precise mostrar.

Um tanque da Marinha está posicionado em um dos acessos à Kelson’s. Os militares abordam moradores que deixam a comunidade e os revistam. A cena chama atenção de quem passa pelo local. Diversos veículos da Polícia Civil também estão no local.

 

 

Operação em outros pontos

 

Além da Favela Kelson’s, há militares no Arco Metropolitano e em rodovias que cortam o Rio. Outra frente de ação é nos acessos à Favela do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e aos morros do Chapadão e da Pedreira, na Zona Norte do Rio.

“Trata-se, então, da maior operação já realizada pelas Forças Armadas, pelas forças de segurança integradas desde o início das operações em julho do ano passado. Em termos de ocupação de espaço, vem desde as divisas do estado até o interior da cidade do Rio de Janeiro e em três linhas de ocupação”, disse o coronel Roberto Itamar, porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), em entrevista ao “Bom Dia Rio”.

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