Secretaria não fez varredura em presídio de Japeri onde detentos armados fizeram rebelião

Após o fim da rebelião na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, na noite do último domingo, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio não fez qualquer ação de varredura em busca de armas, drogas e celulares na unidade prisional onde 18 pessoas — 10 detentos e oito agentes penitenciários — foram mantidas reféns por presos armados. As duas pistolas, um revólver, uma granada e uma lanterna tática apreendidos após o fim do motim foram entregues pelos próprios detentos após negociação com o Grupamento de Intervenção Tática (GIT) da pasta.

A secretaria também não fez qualquer transferência de presos envolvidos no episódio. A única medida tomada foi a suspensão das visitas na unidade, que não têm data para serem retomadas. Questionada sobre apreensões na cadeia, a Seap alegou que “novas ações serão operacionalizadas, objetivando garantir a segurança do sistema penitenciário”. Sobre as transferências, a pasta alegou que a medida só será tomada “assim que avaliação da Subsecretaria de Gestão Operacional for concluída”.

Nesta terça-feira, os agentes penitenciários que estavam de plantão na penitenciária, no domingo, vão prestar depoimento na 63ª DP (Japeri), que investiga o caso. Os presos envolvidos na rebelião e os que foram feitos reféns também serão ouvidos. O motim, que teve início após uma tentativa de fuga frustrada, durou sete horas e terminou com três detentos baleados.

Um dos pontos que os investigadores querem esclarecer é como os detentos se feriram. Uma das possibilidades é a de que tenha sido durante confronto com dois policiais militares do 24º BPM (Queimados) que chegaram à penitenciária quando os presos ainda tentavam fugir. A PM foi chamada por um detento que atua como “faxina” e relatou estar sendo ameaçado. Os 10 internos mantidos reféns eram “faxinas”.

Em depoimento na Delegacia de Japeri, os policiais militares relataram que ao chegarem, fizeram contato com o agente penitenciário que estava na portaria e relataram o chamado recebido. O inspetor entrou na unidade para checar a informação, mas logo em seguida retornou, ao perceber que os presos tinham tomado a cadeia. Os PMs relataram que logo puderam ver os presos se aproximando das grades. Os detentos atiraram contra os policiais, que reagiram.

A Penitenciária Milton Dias Moreira tem 2.051 presos, mas só possui espaço para 884. A unidade abriga detentos considerados neutros, ou seja, que não possuem facção criminosa. Por isso, a secretaria acredita que o episódio da tentativa de fuga que terminou em rebelião tenha sido um episódio isolado. Ainda assim, a pasta continua em alerta para possíveis problemas em outras unidades.

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