Nos últimos dois meses, cinco traficantes do Rio que estavam em presídios federais de segurança máxima fora do estado retornaram às cadeias fluminenses para continuarem a cumprir suas penas. Em pelo menos três casos, a Vara de Execuções Penais (VEP) do Rio concordou com a volta dos criminosos. Um dos presos que retornaram é Márcio José Guimarães, o Tchaca, que tinha sido enviado para uma unidade federal com a cúpula do Comando Vermelho, em janeiro de 2007, após uma série de ataques de criminosos no Rio. Condenado a 81 anos e oito meses de prisão, o bandido estava em Catanduvas, no Paraná, e retornou há cerca de um mês.
Além de Tchaca, voltaram também Luiz Claudio Serrat Correa, o Claudinho CL, Valquir Garcia dos Santos, Carré, Nei da Conceição Cruz, Nei Facão, e William Rodrigues Vieira, o Robocop. A secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio confirmou que os detentos estão no estado, mas não informou em qual unidade prisional cada um se encontra. Todos eles estavam em presídios federais há mais de seis anos.
Claudinho CL foi o último a desembarcar no Rio. Condenado a 40 anos e nove meses de prisão e apontado como responsável pelo controle do tráfico de drogas no Morro do Cajueiro, em Madureira, na Zona Norte, o bandido retornou na semana anterior ao carnaval. Ele foi um dos três traficantes com cuja volta a VEP concordou. Contrário à decisão, o Ministério Público estadual do Rio entrou com um recurso no Tribunal de Justiça do Rio e conseguiu uma liminar para impedir o retorno de CL. Ainda assim, a Justiça Federal determinou a volta do bandido, que estava em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Os juízes federais dos estados para os quais os presos são enviados é que decidem sobre a manutenção deles nas unidades. O prazo de permanência é de 360 dias e deve ser renovado no fim desse período. O magistrado da VEP do Rio, no entanto, é ouvido antes para se posicionar sobre a necessidade ou não da manutenção. Há casos nos quais a vara decide pela manutenção do preso nas unidades federais, mas a Justiça Federal é contra a determina o retorno. Nessas hipóteses, a discussão vai parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de CL, a VEP concordou, pelo menos, com a volta de Carré e Robocop. Procurada pelo EXTRA, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio não respondeu aos questionamentos feitos.
Além do grupo que já voltou recentemente, mais um preso pode estar perto de retornar ao estado. No último dia 21, a Justiça Federal do Mato Grosso do Sul determinou que o traficante Bruno Coutinho, o Brunaldo, que está em unidade federal desde março de 2010, volte para o Rio. Ainda não há previsão para a transferência acontecer.
Os presídios do Rio são vistos como um dos principais problemas da Segurança Pública no Rio, por isso, as ações nas cadeias estão entre as prioridades da intervenção federal no estado.