CPI acompanhará mortes de jovens

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) vai criar a Comissão Especial de Inquérito sobre as mortes de jovens negros e pobres no Estado. De acordo com o relatório apresentado em 2016 pela Comissão, jovens negros morrem quatro vezes mais que os brancos no Brasil. O que corrobora com os dados do Instituto de Segurança Pública. Segundo o ISP, no Rio de Janeiro, dos 1.227 assassinatos ocorridos até março de 2017, metade das vítimas tinha até 29 anos.
De acordo com Adriano Dias, fundador da ONG ComCausa, que atua no enfrentamento à violência na Baixada Fluminense, os homens jovens, negros e com baixa escolaridade são o perfil típico das vítimas fatais: “Estas informações e dinâmicas não são novas. O que mais preocupa é que a direção das políticas de segurança indicam o agravamento desta situação no Brasil, principalmente no Rio depois da intervenção militar”. Ainda de acordo com Adriano, “A taxa de homicídios em geral é de 28,9 por 100 mil habitantes. Mas, se separarmos somente jovens entre 15 e 29 anos, para cada 100 mil, chegamos a 60,9. Entretanto, se segmentarmos homens negros jovens, temos 113,6. Literalmente um genocídio”.
Para a cientista social Fernanda Torres, o crescimento econômico e inclusão em determinados programas sociais de redução da desigualdade que o Brasil viveu nas últimas décadas, não refletiu nestes números. “É uma questão de cultura de violência que deve ser descontraída”.
O presidente em exercício da ALERJ, deputado Estadual André Ceciliano, segue a mesma opinião: “Não vai ser matando a nossa juventude que vamos resolver os problemas da segurança pública. Tive esta experiência como gestor quando chegamos próximo a zero de homicídios em Paracambi (na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio)” – e conclui André – “É buscando a empregabilidade, fortalecimento das políticas de assistência e investindo forte em cultura, esporte e educação que você salva este jovem. Sabemos que, quanto mais anos de escolaridade, menor é a chance de homicídio”. O trabalho da Comissão ALERJ sobre extermínio de jovens vai ser instalado nesta terça, dia 27 de fevereiro, a partir das 11h, na sala 311 do Palácio Tiradentes. No encontro, vão ser eleitos o presidente, o vice-presidente e o relator da CPI.

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