Abel quer Flu com “pés no chão”

Treinador Tricolor comemora boa fase, mas prega humildade para que equipe mantenha evolução no decorrer da temporada
Fluminense F.C.

Oito jogos sem perder, seis vitórias consecutivas, 13 gols marcados e nenhum sofrido nas últimas três partidas, sendo a mais recente o 4 a 0 sobre o Flamengo. A fase do Fluminense, após começo irregular, virou de vez.
Mesmo assim, Abel Braga prega o discurso “pés no chão”. E, neste sentido, ao alertar para dificuldade que espera enfrentar diante do Avaí, quinta-feira, pela Copa do Brasil, definiu um eventual 2 a 0 como placar ideal para definir a classificação à quarta fase, dia 15, em Florianópolis.
“Agora não tem saldo qualificado. Neste formado, com jogos de ida e volta, em casa, o resultado que todo mundo quer é o 2 a 0. Se acontecer, ótimo. Os caras vão ter de fazer dois gols no campo deles e se abrir”, avaliou Abelão.
Para o confronto, o treinador anunciou que relacionará 23 jogadores – o Carioca tem limitação de sete atletas na reserva. Deu a primeira chance a De Amores, goleiro uruguaio contratado e que até então sequer tinha pego banco.Douglas e Airton, e inda em evolução física, precisam de mais tempo de trabalho.
Ao avaliar o elenco, aliás, voltou a reconhecer a necessidade de reforços. Porém, as tentativas encontram dificuldades financeiras:
“Nosso grupo está enxuto. Precisamos dar encorpada. Está complicado. Tudo o que a gente achava que seria tranquilo para trazer, ficou complicado. Paulo (Autuori), presidente (Pedro Abad), Marcão (Marcus Vinicius Freire, o CEO) e Fabiano (Camargo, VP de futebol) não param de trabalhar. A gente sabe que mesmo com condição de pagar o salário, tem jogadores que os clubes pedem demais. A gente não tem chance de erro, mas vamos trazer. Precisamos trazer.”
A expectativa de Abel é que a boa fase da equipe em campo reflita nas arquibancadas do estádio Nilton Santos, local da partida contra o Avaí. Mas, é claro, sem pressão por uma nova goleada.
“O torcedor tem de saber isso. Gostaria de ver um número maior de torcedores no estádio, afinal, trata-se de um jogo importante. Mas eles têm de saber que não será sempre que sairá goleada”, encerrou o comandante.
Confira outros assuntos abordados por Abel:
>>Copa do Brasil, ida e volta
O que eu quero conseguir é uma pequena vantagem. Pelo menos. Até por isso que estou aqui. As pessoas têm de saber que estamos com os pés no chão. Não nos sentimos vaidosos por nada do que fizemos.
É o mesmo treinador, o mesmo goleiro, os mesmos zagueiros, o mesmo lateral-esquerdo, os mesmos dois voantes. E tem ainda o Marquinho. São oito jogadores do ano passado. Saberemos que teremos dificuldades. Esse time ganhou do Juventude fora de casa. Além de tudo, o técnico vai para o terceiro ano. Isso conta muito.
>>Esquema tático
Começou em uma conversa com uma colega teu de imprensa, com quem tenho relação próxima, após o jogo contra a Ponte Preta. Coloquei a ele que precisava fazer uma coisa diferente. E iria tentar algo diferente dentro do que a minha equipe precisava. Eu sabia que havia a chance de saírem mais jogadores, mas não esperava que Cavalieri e Henrique saíssem. Mas Dourado e Scarpa tinha certeza. Pelos gols marcados, que eram muitos, mas a gente sofria demais. Foram terríveis.
O esquema engana muita gente. Ele exige muitas variáveis. Tem de ter jogadores com característica e com inteligência tática de saber a hora de desfazer a linha de cinco, no meio. Como se transforma para atacar e como se postar para evitar o contragolpe.
O Fluminense hoje é um time que sofre pouco com a bola vertical, em direção ao nosso gol. Saímos da mesmice. Acho até que outros treinadores teriam vontade de fazer isso. É um preço muito alto. Eu não tenho mais isso, mais idade para sentir o peso nas costas. Se ganhar ou perder, sei que fiz o melhor para o meu clube. Está encaixado, hoje o time tem uma cara. Assim como foi no começo do ano passado. Pela minha cabeça, mesmo o futebol não tendo nada definitivo, vou manter essa forma de atuar por todo o ano.
>>Pedro
Mas como que é a carga ao Ibañez, que tem 19 anos? Como foi para o Matheus Alessandro e para o Marquinhos Calazans? E foi assim com o Scarpa, o Marcos Junior e o Douglas no passado? Claro que isso tem um preço. Quero que haja competição nas posições. É muito simples de explicar. Não sei se é coincidência ou não, mas o Gilberto cresceu a partir da chegada do Léo. Marlon começou como titular, mas nos EUA o Ayrton Lucas treinou bem, coloquei o menino. Quando fui comunicar ao Marlon, ele me disse que o colega estava melhor. De repente, sentiu que não haveria competição. Depois, com a lesão, entrou e foi bem. É isso que falta ao Pedro.
O Pablo Dyego é de lado, o Dudu é muito menino. No momento em que chegar alguém, vai aumentar a competição pela posição. Mas é uma posição difícil, tem muita marcação, pouco espaço. Volto a dizer. Pedro, tecnicamente, repito, nada de produção, está entre os 5 melhores jogadores de área do país. Ele tem uma técnica acima do normal e isso, em algumas situações, o atrapalha. Ele precisa ter aproveitamento melhor nas jogadas simples. Os erros possam aumentar nas bolas difíceis. Ele é acima da média.
>>Niltão
Não é a nossa casa, não. Domingo vou jogar em Los Larios. Niltão tem campo melhor do que o Maracanã atualmente. A gente tem tido bons resultados lá. É bom. Gostamos de atuar lá. Estádio novo, vestiário confortável… Para nós, é bom.
>>Marcos Junior
Ele deixou de ser o jogador dos últimos 30 minutos. Ele sabe que tem de brigar pela posição, mas sabe que é o titular. Isso aumenta a confiança. O time cresceu como coletivo e ele no individual. Sempre gostou mais de atuar pela esquerda, mas achou um espaço que o favorece. A nossa forma de atuar desgasta menos ele. Ontem, ele e Richard treinaram separados.
>>Reforços
Estou levando 23 jogadores. São três goleiros. Até o De Amores, para se adaptar. Sem contar quem não tenho à disposição, só tenho um jogador, o Frazan, que tem condições e que não vou levar. Levarei o Reginaldo. Está apertado. Douglas e Airton ainda melhoram. A gente necessita dar uma encorpada. E fazer isso só com menino, não é a solução. Quando o bicho começa a apertar, tem de suportar a vaia, a derrota.
>>Ataque
O esquema provoca um grande engano. Se jogar com três zagueiros, obviamente, estou mais ofensivo. Deixei de jogar com quatro na linha defensiva. O objetivo não era marcar tantos gols. Era parar de sofrer. Por acaso, está ofensivo e não sofremos gols. Que continue assim. Peço ao torcedor, encarecidamente, que entenda que os nossos adversários vão se fechar. Não vamos golear sempre.
>>Marcos Junior
Ele entrou no time no momento mais complicado do ano passado. Ele e Gum entraram, e a gente se safou do rebaixamento. Comecei o ano dando a titularidade a eles. No começo, o Marcos Junior sentiu um pouco. Pelo envolvimento tático dele com o time, passamos a ter esse momento bom no ataque. Ele é inteligente na frente.
>>Pés no chão
A gente tem tido a felicidade de ouvir algumas palavras do Gum. Antes dos jogos, ele quem fala ali na roda no vestiário. Dessa vez, após o jogo de sábado, quando eu normalmente falo, ele pediu a palavra. E disse que gente não ganhou nada. E é verdade. É só ver no Carioca: só os times do meu grupo que ganham.
Então, se a gente ganhar, vamos ficar mais tranquilos. Até porque está chegando a hora, tem três ou quatro atletas no limite e terei de dar uma segurada.
*Globoesporte.com

error: Conteúdo protegido !!