Prefeitura de Nova Iguaçu abandona o bairro Cobrex

As margens da Estrada Velha de Santa Rita, na altura do bairro Cobrex, estão tomadas por lixo e muita lama
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Os 2.700 quilômetros de ruas, becos e vielas existentes nos 1.064 logradouros públicos fazem de Nova Iguaçu a quarta cidade mais populosa do Rio e a 21ª do país, com pouco mais de 800 mil habitantes (sendo 52% de mulheres). Situada a oeste do estado, há 35 km do Rio, cortada pela rodovia presidente Dutra, no eixo Rio-São Paulo, Nova Iguaçu é o centro de negócios e comércio entre os municípios vizinhos, além de ser o 8º polo de consumo do Brasil.
Apesar da importância geográfica, populacional e econômica, o bairro do Cobrex, formado por menos de 15 ruas, é um das localidades mais abandonados e esquecidas pelo poder público da região. O lugar que já foi escolhido para ser o Complexo Administrativo do município, hoje não tem direito de ter seu nome na lista dos Correios. Lá os moradores recebem as correspondências com endereços postais do bairro Ponto Chic, outra localidade próxima que de chique só tem apenas o nome.
Um dos maiores exemplos de descaso e abandono por parte do governo municipal está na Avenida João Carvalho de Moraes, mais conhecida como Estrada Velha de Santa Rita, via que liga o Ponto chamado de Chic à esquecida localidade do Cobrex. O mato acompanha toda a extensão da avenida, que também corta o bairro de Três Corações e desemboca na Estrada de Adrianópolis, no bairro Botafogo.
Nesse trajeto há muita lama nos dias de chuva e bastante poeira e muitos buracos em dias de sol. Além disso, é comum nesta avenida o escoamento da rede de esgoto de muitas casas para o meio da rua, jorrando constantemente. “Aqui só lembram-se da gente quando se aproximam as eleições”, critica Maria Edith Lima, 30 anos, moradora de Três Corações. “Na semana passada teve um deputado baixinho por aqui contando história”, completa.

Esgoto e lixeira invadem a rua

Em outro trecho da avenida há grande quantidade de esgoto acumulado
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Esse fétido quadro pode ser visto na Estrada Velha, esquina com a Rua Laudemia Pinto, onde a água de esgoto jorra sem parar sobre um vazadouro de lixo, onde há entulhos de toda natureza, como sofás, latas velhas, galhos de árvores, camas, colchões, cobertores, animais mortos, roupas, sapatos, restos de alimentos. Com isso, a encosta vai sofrendo erosão, formando um grande lamaçal. O mau cheiro invade o bairro e sobra até para quem passa de ônibus. Moradores reclamam, mas não são atendidos. “Aqui a situação só não é pior, porque o seu Diomar (Diomar Pacheco, assessor do prefeito Rogerio Lisboa) faz muita coisa no bairro”, conforta-se dona Guiomar Trindade, 44 anos. O Jornal de Hoje localizou Diomar e falou da situação. “Eu já tomei conhecimento da situação e já estou buscando providências”, prometeu.

Projeto que não saiu do papel

Quando o advogado e professor João Batista Barreto Lubanco assumiu a prefeitura de Nova Iguaçu em 1976, diante da renúncia de Joaquim de Freitas, e em 15 meses de governo colocou o pagamento dos servidores em dia, criou o Complexo Administrativo, a ser construído em uma área de 400 mil metros quadrados na região da Companhia Brasileira de Explosivos (Cobrex), a Codeni, o Distrito Industrial de Campo Alegre, o Conselho Municipal de Cultura, a biblioteca pública, o primeiro Pronto Socorro, Fisabem, a Fenig e ainda criou as atuais secretarias – na época só haviam departamentos e diretores.
Lubanco ainda desapropriou a Fazenda São Bernardino, destinando uma área de 16 mil metros quadrados para a construção de um Parque Metropolitano de Múltiplo Uso. Como é prática comum nos dias atuais, de um governo não continuar nada iniciado pelo outro, o Cobrex continuou uma região abandonada. “O Complexo Administrativo no Cobrex não foi construído e o governo do estado não deu continuidade à desapropriação da Fazenda. Meu governo acabou e eu não pude fazer mais nada”, lembra Lubanco.

por Davi de Castro – davi.castro@jornalhoje.inf.br

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