Estado conta com 14 delegacias de Atendimento à Mulher

A chefe das unidades falou sobre o trabalho realizado pelas especializadas e os serviços de atendimento à mulher disponíveis no Rio
Fotos: Clarice Castro

No Dia Internacional da Mulher, o site Imprensa.RJ entrevistou a Diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher (Dpam), Márcia Noeli. A chefe das unidades especializadas da Polícia Civil, que promovem ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e sexual contra as mulheres, falou sobre o trabalho realizado pelas especializadas e os serviços de atendimento à mulher disponíveis no Estado do Rio de Janeiro.

Imprensa.RJ  – Como é o trabalho realizado nas delegacias especializadas instaladas no Rio de Janeiro?

Márcia Noeli – O Estado do Rio conta com 14 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Esta é uma política pública criada para atender às mulheres vítimas de violência doméstica e sexual que não se sentiam à vontade de buscar ajuda. As unidades são compostas por policiais mulheres e homens capacitados para este atendimento específico. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher começou a funcionar em 1986. Mas é bom lembrar que faz aproximadamente dez anos que as delegacias distritais se aperfeiçoaram e se prepararam para atender a mulher que busca atendimento e que está fragilizada.

Imprensa.RJ – Como a mulher deve proceder em caso de violência doméstica e sexual?

Márcia Noeli – A partir da criação da Lei Maria da Penha (Lei 11340/06) tivemos avanços importantes. Foi com o advento desta lei que obtivemos instrumentos para que esta mulher vítima de violência doméstica e sexual se sentisse mais segura para fazer uma denúncia.
Imprensa.RJ  – Como é a rotina?

Márcia Noeli – A mulher chega à delegacia e faz o Registro de Ocorrência. A partir daí são definidas as medidas protetivas. Ao denunciar o agressor, a vítima deve solicitar ao policial que a acompanhe para que busque seus bens pessoais bem como deve ser levada com seus dependentes para local seguro, quando houver risco de morte.
Imprensa.RJ  – Que outras medidas protetivas podem ser adotadas ?

Márcia Noeli – Outras medidas protetivas são: a busca e apreensão de armas, que estejam na posse do agressor; a suspensão da posse e/ou restrição do porte de arma do agressor; que este seja proibido de se aproximar da vítima, seus familiares e testemunhas; a restrição ou suspensão de visitas aos filhos, guarda provisória e prestação de alimentos. Para entrar em contato com a Central de Atendimento à mulher basta ligar para 180.

Imprensa.RJ – Por que muitas mulheres não denunciam a violência?

Márcia Noeli – São mulheres que, em muitos casos, amam demais, que passaram por várias situações de violência desde a infância, que têm baixa autoestima. Isso acaba sendo agravado pelo agressor. As mulheres nem sempre percebem o começo desta violência e, quando procuram ajuda, normalmente já sofreram por muitos anos. Mas é interessante perceber que atualmente esta mulher sofre calada por menos tempo. A atitude de denunciar tem mudado.

Imprensa.RJ – Além das delegacias, como funciona a rede de atendimento especializada?

Márcia Noeli – Esta mulher quando vai à delegacia toma uma atitude importante, que muitas vezes vai evitar a sua morte, mas não acaba aí. Esta vítima de violência doméstica e sexual vai precisar de amparo, precisa ser atendida nos centros de atendimento e/ou ir para abrigos, quando há risco iminente de morte. Ela vai precisar de atendimento de psicólogos e de assistentes sociais. Ela vai precisar entender como pode sair desta situação e refazer sua vida. A primeira atitude é a de denunciar, mas é preciso acolher esta mulher para que ela possa seguir em frente.

Imprensa.RJ – Qual a mensagem que você deixaria para as mulheres vítimas de violência?

Márcia Noeli – Não deixem para denunciar amanhã quem te agride hoje. Em 2016, o Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgou quase 133 mil registros nas delegacias do estado.

Fonte: Governo do Estado do Rio

error: Conteúdo protegido !!