Estado permanente de guerra

*André Braga

Mesmo sob intervenção, uma vereadora foi executada no centro do Rio de Janeiro. A Guerra continua. Sim, pois o que ali se vê, diariamente, e as estatísticas assim revelam, é um estado permanente de guerra. Não há, aparentemente, rivais, mas todos sabem quem são os belicosos. Sendo assim, a intervenção – na forma como perpetrada – não surtirá nenhum efeito, salvo o eleitoreiro, que é o que parece ser.
Lula não deverá ser preso. A prisão, por outro lado, ainda que ele não tenha pensado sobre isto, seria a sua redenção, a sua liberdade. Os que ainda não tiveram a oportunidade de saber a motivação que poderá levar Lula à prisão, ficará sabendo, se assim, se concretizar, que tal ato estará marcado pela tarja da injustiça, apenas isso. Aqueles que o levarão à cadeia, esses, sim, serão crucificados, pois, o Pai dos Pobres, coitado, está pagando pelo roubo dos outros e não há melhor fundamento para sua soltura incontinenti.
Antes, porém, há um dilema, pautar ou não o HC de Lula? A Min. Cármen Lúcia, com total razão, não enxerga motivação suficiente para tal; ora, a matéria em debate, prisão imediata após a condenação em 2ª instância, já fora apreciada muito recentemente pelo STF e, ainda que se tenha firmado o posicionamento que os combatentes advogados do ex-presidente pretendem mudar, é certo que o sodalício não é um Tribunal de Exceção, submetido aos protagonistas do Poder, sendo assim, como acreditar na Justiça? Será o fim.
Fim diverso é o que pretendem os magistrados, aliás, hoje paralisados, por uma causa que reputam justa, justíssima. Pois bem, reivindicam a permanência em seus subsídios do auxílio-moradia. É certo que o sonho da casa própria sempre foi o mote dos governos, todos eles, ainda que apenas agora, sobretudo, depois das diversas operações da Polícia Federal, se percebeu que os maiores beneficiários são os mesmos governos que sempre apoiaram o sonho da casa própria, a inferência é simples, governo incentiva o programa, atravessa um órgão público no meio disso tudo, convoca bancos e empreiteiras e pronto, as casas, apartamentos, enfim, o produto físico, sabemos quem usufrui e o resultado financeiro, também disso tudo, sabemos todos o destino final, qual seja, o bolso dos próprios parlamentares e executivos do governo que se retroalimentam com o engodo.
Difícil acreditar que teremos alguma mudança no cenário dantes narrado. O fim de tais projetos se aproxima, a intervenção se encerrará em breve, já foi anunciado em gotas homeopáticas; os propósitos, até lá, que não são os que vislumbram maior segurança para a Cidade Maravilhosa, aqueloutros certamente serão alcançados, não sabemos quais, em breve se revelarão, mas o mote, a segurança do cidadão, todos enxergam, pior, se defendem, pois não sabe de onde virá o tiro, “Que tiro foi esse?”. Lula, bem… Lula é uma incógnita pelo avesso, tudo pode acontecer e é bem provável que nada aconteça, salvo se o TSE entender que deva ser ele mesmo Presidente, ficha limpa, pois, amparado por um HC lavrado na instância máxima do Judiciário, tem salvo-conduto, inclusive, para prometer e não conceder, a permanência nos já polpudos holerites de S. Excelências, o auxílio-moradia, auxílio-paletó, auxílio-escola, auxílio-sexta-feira-sua-linda, enfim e o subsídio, bem, não representará nada em relação aos auxílios, afinal, Lula e PT entendem de auxílio e bolsas e tudo o que seja deletério para o Brasil.
E a Cármen? Passará, como tudo passa, aliás, apotegma gravado na pele do mais sensível jogador do mundo que agora – fazendo às vezes de Sthepen Hawking – do alto de sua providencial cadeira de rodas, se recupera de uma lesão mínima no dedo mínimo, pelo menos do lado direito, oportunamente garimpada nas vésperas da Copa do Mundo na Rússia, coisa mais à esquerda não há, ou já não podemos falar mais nisso?

*André Braga de Vasconcelos é advogado.

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