Abel Braga sonha com o Gladiador no Flu

Ao falar de reforços, treinador revela expectativa pela contratação de atacante do Coritiba e diz esperar zagueiro (Luan Peres) e meia. Sobre convite do Fla, se diz feliz no Flu: “Se deixar de ser, mudo”
Mailson Santana/Fluminense FC

Abel Braga não escondeu o jogo ao falar sobre a necessidade de o Fluminense contratar. Ao adminitir interesse em no zagueiro Luan Peres (Ponte Preta) e Kleber Gladiador (Coritiba), o treinador ainda falou do desejo de contar com um meia, este com nome mantido em sigilo.
Enquanto as negociações não são concluída, Abelão projetou o confronto desta quarta-feira, no Maracanã, diante do Nacional Potosí, a partida de ida da primeira fase da Sul-Americana. A ideia é vencer, sem sofrer gol, para ter vantagem na altitude de 4,6 mil metros na altitude da Bolívia.
– Nós o conhecemos muito bem. É um jogador de uma mais valia muito grande, nós sabemos que se estivesse aqui, jogando ou não, aquele gol aos 50 minutos não acontecia. Houve uma situação anterior ao gol, que se tivéssemos ele, acabava o jogo ali. É um jogador que com tudo o que traz, será muito bom para nós, caso se concretize, vai agregar experiência, qualidade, muita coisa ao grupo – disse ao lembrar a derrota para o Vasco na semifinal do Carioca.
Na semana passada, o comandante tricolor foi procurado pelo Flamengo, que busca substituto a Paulo César Carpegiani. Ele respondeu a esta situação desta forma:
– Você já ouviu falar alguma vez que algum time me procurou? Esse tipo de vaidade pessoal comigo não existe. Isso não leva a lugar nenhum. Tenho contrato até dezembro, estou orgulhoso de estar aqui. Minha escolha é simples. Eu custei a dizer ao presidente que ia cumprir meu contrato, até pensar em uma fórmula para fazer o que faço aqui. Nunca tive problema com ninguém aqui. Eu me identifiquei muito com as pessoas que aqui trabalham. Temos jogadores que compraram essa briga, essa ideia, então eu dou seguimento normal ao meu trabalho. Se eu deixar de ser feliz, eu mudo.
O Flu enfrenta o Nacional Potosí às 21h45 de quarta-feira no Maracanã. A partida de volta é no dia 10 de maio na Bolívia.
A íntegra da coletiva:
>>Sul-Americana
Vem mudando porque a Conmebol valorizou a competição. Não deixa de ser um prêmio de consolação. Eu acho até justo, porque é uma luta dura para chegar na Libertadores. É um prêmio, mas jogar numa altitude de 4000m é complicado. Causa apreensão para um primeiro jogo. Sempre com a preocupação de não sofrer gols aqui, principalmente.
É uma equipe que nós vinhamos analisando há três jogos, com informações de gente da Bolívia. Chegaram três argentinos que foram contratados para participar da Sul-Americana. No Campeonato local só podem três. Já tem os três, o treinador argentino, só para jogar a competição, então são jogadores de valor, nos desconcertam um pouco em tudo.
Tinhamos jogadores que nunca haviam participado em um jogo por lá. Dessa vez só temos Ibañez e Ayrton que nunca jogaram na altitude. É uma equipe de meninos, mas não é uma equipe tão jovem quanto do ano passado. Vamos para o jogo sabendo o que temos que fazer, o que não se deve fazer, porque tem 180 minutos, e os últimos 90, independente do jogo daqui, serão de dificuldade maior.
O futebol exige muito. A Sul-Americana exige muito. Eu estou tranquilo. Não vamos mudar nossa forma de jogr, mas é impossível deixar de pensar que não vai ser mais difícil jogar a 4000m de altura. É uma coisa absurda. Dá uma vantagem muito grande para quem está acostumado. Essa equipe está conseguindo resultado melhores fora de casa. Eu não conheço os argentinos, mas o volante colombiano e os dois atacantes são jogadores bem interessantes. Esse volante é um Wendel mais alto, e está num momento muito bom. Jogador incrível.
>>João Carlos
Ambidestro, prende bem a bola na frente, é um cara que pode nos ajudar. Constatamos no jogo contra a Cabofriense também. O Autuori constatou junto comigo que precisávamos de um jogador assim. Se antes da Florida Cup soubéssemos do Dourado, trouxéssemos o Kayke ou o Gilberto, seria diferente, mas não tivemos e até agora estamos procurando, o jogador é o melhor dos times pequenos, foi para a seleção dos pequenos, vamos trazer e será observado.
>>Reforços
Se concretizar o Luan Peres, acaba o problema (da zaga). Queremos um meia, e podemos trazer mais um jogador que tenha a característica do Jadson mas com um pouco mais de chegada. Tem alguns garotos que treinaram e estão indo muito bem, Zé Ricardo, Dudu, João Vitor, Caio, agregam a um elenco dentro daquilo que as competições exigem.
Temos conseguido com muita cautela, a gente fica debatendo demais, porque não podemos errar. Alguns jogadores ainda não chegaram. O jogador que pedi desde o ano passado está para chegar. O que eu tinha como ideia se desfez por conta do que aconteceu com o Scarpa, ninguém esperava, mas aconteceu, questão de Justiça, e isso quberou a vinda de quatro jogadores que dentro da minha cabeça estava dentro de um time titular. Um jogador, que é um meia, não vai deixar de ser uma aposta, mas é um jogador diferente. Vindo os três que falei e esse meia. Desde o início do ano queríamos o Juninho do Palmeiras ou o Luan Peres. O Juninho tem a questão com o Palmeiras, e o Luan Peres, de repente poderíamos ter antecipado se soubéssemos o que aconteceria.
Agora, temos a preocupação de não errar e trazer jogadores que vão entrar em uma filosofia de 100% alma. Equilíbrio, cabeça, pensando jogo, mas em cada bola disputada, a alma tem que estar presente. É isso que tem alegrado nosso torcedor. Senti um apoio que sinceramente não esperava. Antigamente, com a Unimed, tinhamos um nivel alto de jogadores que agora não temos mais, temos um time de meninos, ganhamos duas taças, perdemos ídolos, grandes jogadores, claro que fica a desconfiança. Essa desconfiança tá sendo compensada com alma.
>>Carioca
Representa que merecíamos ser campeões. Não tiro o mérito dos meus jogadores. Do mesmo jeito que o Botafogo venceu, nós podíamos ter vencido também. As vezes passa despercebido para o torcedor, para a imprensa, fico feliz pelos jogadores, que se saíram muito bem. É diferente, se pegar as seleções todos os anos, 50% da equipe é formada pela equipe campeã, então tem diferenças.
>>Ataque
Eu conheço o Marcos Junior desde a outra passagem. É um cara que agora entende melhor seu papel, não se guarda, não se poupa, deixou de ser um jogador de segundo tempo, só precisa aumentar a participação dele nos 90 minutos. O cara mais adiantado da equipe, se reparar, em todos os times que comandei, os caras foram artilheiros. Esse ano foi o Pedro. Dentro desses homens de área, o Pedro está inserido tecnicamente entre os três melhores do país. Parte técnica. Agora, também para um homem de área, tem muita coisa que falta. Jogo a jogo ele pega a manhã, cresce. No dia a dia, ele esteve meio perdido, mas agora ele está bem. Quem vier para a posição, tem que brigar para tomar a vaga. Jogador tem que mostrar a cada jogo e a cada dia.
>>Por que ficar no Fluminense?
Minha escolha é simples. Eu custei a dizer ao presidente que ia cumprir meu contrato, até pensar em uma fórmula para fazer o que faço aqui. Nunca tive problema com ninguém aqui. Eu me identifiquei muito com as pessoas que aqui trabalham. Temos jogadores que compraram essa briga, essa ideia, então eu dou seguimento normal ao meu trabalho. Se eu deixar de ser feliz, eu mudo. Eu estou tirando o meu melhor e tudo o que posso dos meus jogadores. Se amanhã eu sentir que não está mais assim, eu mudo. Agora eu tenho uma empresa que cuida de mim, meu filho faz isso. Mas os meus maiores empresários são os meus jogadores. Tem um jogador que tenho uma admiração enorme, mas nunca trabalhei com ele, e que sempre me demonstrou carinho, o Réver, nós nos enfrentamos sempre, mas ele mostra que eu estou no caminho certo, porque ele me trata com respeito, com admiração. Quem é ruim não consegue isso.
>>Flamengo
Isso rola entre os jogadores. Você já ouviu falar alguma vez que algum time me procurou? Esse tipo de vaidade pessoal comigo não existe. Isso não leva a lugar nenhum. Tenho contrato até dezembro, estou orgulhoso de estar aqui, como estive em todos os times que passei. Já trabalhei em lugares maravilhosos, fiz muita coisa na carreira. Tudo isso é uma marca, é experiência.
>>Dificuldades no Brasileiro
Espero que não se repita (risos). Algumas? Você foi até legal. Ano passado o imponderável surgiu de forma absurda. Foram muitas lesões seguidas. Fiquei sem Scarpa, Douglas, Calazans que não voltou até agora, jogador que despontou muito bem. Pensei que seria o grande nome e o menino operou, foi agredido, operou de novo. Eu acho que esse ano as coisas estão diferentes. O Fluminense tem jogado mal? Não. Merecia ser eliminado? Não. O adversário foi melhor? Não foi. Se reparar, não tinha perdido jogos decisivos, clássicos, nada. Nem gol tinhamos tomado. Fazendo o comparativo com as dificuldades, não surgiu um número tão elevado, acho que a gente pode fazer coisas muito mais positivas do que o ano que passou.
*Globoesporte.com

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