Ortodoxia x heterodoxia: vale a pena estudar economia no Brasil?

*Vítor Wilher

“O economista, no Brasil, é mal formado”, afirma o professor de economia e conselheiro do Instituo Millenium, Vítor Wilher. E, para ele, a culpa é dos professores e profissionais do mercado que teimam em debater “ortodoxia versus heterodoxia”, dicotomia que estampa os jornais e tira o foco nos grandes problemas do país, acredita.
No dia 5 de abril, em palestra promovida pelo Imil na Sala de Aula, na PUCRS, em Porto Alegre, Wilher explicou a diferença dos conceitos e traçou um panorama sobre o pensamento heterodoxo no país, que domina os cursos de Economia das universidades brasileiras e, segundo ele, dá pouca ênfase em ferramentas para lidar com a evidência empírica: “A gente ainda tem ideia, no Brasil, de que a inflação pode ser controlada com o controle de preços. Fizemos isso recentemente”, critica, usando como exemplo o pensamento econômico da ex-presidente Dilma Rousseff.
Durante a conversa com estudantes, o especialista apontou mudanças nas grades curriculares do ensino de Economia e falou sobre importantes ferramentas que podem auxiliar na formação de um economista, bem como fazer com que mais artigos econômicos brasileiros sejam publicados para a comunidade científica internacional: “A gente tem Marx I e II, mas não tem econometria I, II e III”.

*Vítor Wilher é bacharel e mestre em economia pela Universidade Federal Fluminense, tendo se especializado na construção de modelos macroeconométricos e análise da conjuntura macroeconômica doméstica e internacional. Sua dissertação de mestrado foi na área de política monetária, titulada “Clareza da comunicação do Banco Central e expectativas de inflação: evidências para o Brasil”, defendida perante banca composta pelos professores Gustavo H. B. Franco (PUC-RJ), Gabriel Montes Caldas (UFF), Carlos Enrique Guanziroli (UFF) e Luciano Vereda Oliveira (UFF). É o criador do blog Análise Macro, um dos melhores e mais ativos blogs econômicos brasileiros e sócio da MacroLab Consultoria, empresa especializada em data analysis, construção de cenários e previsões e fundador do extinto Grupo de Estudos sobre Conjuntura Econômica (GECE-UFF).

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