
Alvo de uma série de operações da Polícia Militar, traficantes da Cidade de Deus buscaram refúgio na Vila Kennedy — ambas as comunidades ficam na Zona Oeste do Rio. A informação é de moradores da Vila Kennedy, que denunciam um aumento da violência na comunidade, modelo da intervenção federal na segurança do Rio. De acordo com eles, no domingo e na segunda-feira últimos houve tiroteios entre militares e traficantes.
— O clima está tenso demais. Alguns militares gritam com moradores à noite para que não fiquem na rua — contou um morador.
As ações feitas na Cidade de Deus — nesta terça-feira acontece mais uma — são para prender os suspeitos envolvidos na morte do capitãoEstefan Cruz Contreiras, de 36 anos, durante uma tentativa de assalto na última quinta-feira. Já a Vila Kennedy vem sendo ocupada por equipes das Forças Armadas e da Polícia Militar desde o fim de fevereiro.
Outro morador da Vila Kennedy diz que o número de militares das Forças Armadas que fazem o patrulhamento da comunidade aumentou nos últimos dias. Ele contou que helicópteros têm sobrevoado a região:
— Além disso, hoje (terça-feira) as Forças Armadas estão usando motos no patrulhamento. Primeira vez que eles aparecem assim. A sensação que a gente tem é que algo está errado.
Uma moradora contou que a Vila Kennedy já foi esconderijo de bandidos outras vezes. Traficantes do Complexo do Alemão, da Favela do Jacarezinho e da Cidade Alta, todos na Zona Norte, já usaram a comunidade da Zona Oeste como refúgio.
— Por isso sofremos. Eles (bandidos de outras comunidades) vêm sempre se esconder aqui. Sempre foi assim e aparentemente vai continuar sendo — disse ela.
O Comando Militar do Leste (CML) informou que não se pronunciará sobre os relatos feitos pelos moradores da Vila Kennedy.
Além dos problemas com a violência, os moradores da Vila Kennedy apontam a obra da Praça Miami como outro problema da comunidade. Barraqueiros foram retirados do local, à força, durante uma operação da Secretaria de Ordem Pública (Seop), ocorrida em março deste ano.
O local, então, começou a passar pro obras para que os comerciantes, padronizados, voltem a ocupá-lo.