Siciliano se defende e diz quem milícia é problemas de polícia

O vereador Marcelo Siciliano se defende de acusações

O vereador Marcello Siciliano (PHS), em entrevista na manhã desta quarta-feira, no Recreio dos Bandeirantes, disse que “está indignado como ser humano” com o relato de uma testemunha de que ele e o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, preso em Bangu 9, quisessem a morte de Marielle Franco. A denúncia já está sendo investigada pela Divisão de Homicídios, que apura a execução da parlamentar e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março deste ano. Siciliano já tinha sido ouvido pela especializada como testemunha, assim como outros vereadores da Câmara Municipal do Rio.

– Gostaria de esclarecer, antes de mais nada, a minha surpresa com relação ao que aconteceu ontem, a minha indignação como ser humano. Minha relação era muito boa (com Marielle Franco), tinha um carinho muito grande. Agora mais do que nunca faço questão que este crime seja esclarecido mais rápido que nunca. Estou sendo massacrado nas redes sociais por algo que foi supostamente dito por uma pessoa que a gente nem sabe a credibilidade que tem. Marielle participou da festa do meu aniversário. A região da Cidade de Deus nunca foi meu reduto. Em Curicica, também não tive votos. Coisas totalmente sem pé nem cabeça. Já prestei meu depoimento. Vim me colocar à disposição. Mais do que nunca, quero que esse caso seja resolvido e tenha oportunidade de acabar isso aí porque foi horrível. Estou muito chateado – disse o vereador agora há pouco.

Siciliano disse ainda que não conhecia o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, mas que, quando vai a uma comunidade carente, é sempre recebido por dezenas de pessoas. A testemunha afirmou à polícia que o vereador teria se encontrado como miliciano pelo menos quatro vezes e que, em uma delas, presenciou uma conversa dos dois sobre o fato de Marielle estar contrariando interesses da milícia na região de Jacarepaguá.

– Sou um vereador muito atuante em área de comunidade carente. Quando eu chego, vou através de um líder comunitário, tem sempre 40, 50 pessoas me aguardando. Tudo o que aquela pessoa precisa. Se algum momento interagir (referindo-se a Orlando), não posso garantir. Agora uma reunião marcada para tratar de assuntos que nunca aconteceu – respondeu. -Eu não encontrei com ele. Posso ter encontrado com diversas pessoas em comunidades onde eu caminho. Vou em diversas comunidades. Onde me chamam eu vou. Muito difícil eu saber o nome de todas as pessoas com que eu interagi. Nego que encontrei com ele em um restaurante. Esse encontro nunca existiu.

Ele também se pronunciou sobre um outro nome citado no depoimento da testemunha que identificou como Thiago Macaco o homem que teria sido usado pelo grupo paramilitar ligado a Orlando o levantamento sobre a rotina da vereadora para planejar, então, sua execução. De acordo com a testemunha, o trabalho teria sido realizado por thiago Macado.

– Não conheço Thiago Macaco. Mas é muito complicado dizer o nome das pessoas que a gente interage. Eu estou na Região das Vargens desde 98, quando eu comecei minha trajetória política. Ali, sim, pode dizer que é meu coração. Ali é meu reduto eleitoral. Eu estou perplexo com isso. Sou pai de família. É uma mentira grosseira.

Sobre possíveis desavenças com Marielle Franco, inclusive no campo político, Siciliano foi categórico:

– Nunca tive problema nenhum. Defendi um projeto dela, LGBT, falei que não tinha problema nenhum. Sempre tive relação muito boa. Tinha muito carinho, ótima relação. Nunca tive problema como direita-esquerda. Nunca fiquei de defender. Meu objetivo é o foco. Tenho 4.500 oficios protocolados – alegou, acrescentando. – Eu não participo muito do pequeno expediente. Nesse um ano e meio, a minha relação sempre foi maravilhosa. Ela sentava na minha frente e a gente conversava muito. Cada vereador defende uma bandeira, isso é legítimo de cada um. Tenho a minha bandeira que é o direito legítimo.

Siciliano afirmou acreditar que não deveria ser investigado ou que as informações deveriam ter sido tratadas em sigilo:

– Eu não deveria ser investigado, mas não me preocupo. Então como aparece uma pessoa sem credibilidade (a testemunha)? Uma pessoa que se associa e me escolheu como bucha? Vamos esperar.

O vereador disse que questões sobre tráfico e milícia não deveriam ser tema da pauta de políticos.

– Eu acho que a gente transforma cidade dando direito de oportunidades. O resto, milícia, tráfico, são problemas de polícia. E não de política. O meu reduto é Vargens e cheguei adotando creches. A educação transforma. O direito de cidadania é pelo que eu luto. Eu sou totalmente contra qualquer tipo de poder paralelo. A polícia esta aí para me proteger. Que vão lá e façam o trabalho deles. Eu nunca fui interpelado – observou.

Marielle foi morta com vários tiros de submetralhadora junto com seu motorista, Anderson Gomes, num atentado no bairro do Estácio.

 

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