Grávidas percorrem 23 km até a maternidade mais próxima

O prefeito Carlos Vilela (que aparece na foto ao lado do ex-prefeito, Max Lemos, que o indicou) não tem prazo para abrir as portas da maternidade e se defende dizendo que o prédio foi desapropriado e que o caso está na justiça

Há três anos, nenhuma criança consegue nascer em um maternidade de Queimados, um município de 145 mil habitantes, na Baixada Fluminense, pois a única unidade de saúde que fazia partos no município fechou.
No caso de Andressa Moratti Teixeira, mãe de Valentina, no dia do nascimento da criança ela precisou contar com a ajuda de amigos para ir até uma maternidade. “Foi bem desesperador. Como não tem mais maternidade mais em Queimados, eu tive que depender de amigos pra poder me levar. Eu sentindo dores pra poder ganhar ela”, disse Andressa.
Mãe percorre 23 km
A distância de Queimados até Mesquita, município vizinho, é de mais ou menos 23 quilômetros. E no dia do nascimento de Valentina, a maternidade parecia não chegar nunca. “Tive que ir daqui até Mesquita. Quarenta minutos, sentindo muita dor. O carro chacoalhando muito e eu já entrando em trabalho de parto. Medo de ganhar ela dentro do carro. Na [via] Dutra, imagina o medo como seria?”, relatou Andressa.
Em Queimados, a Maternidade Bom Pastor continua com cadeado no portão e asituação preocupa os moradores.“Só promessa. As gestantes ficam aí passando sufoco. Tem que sair daqui pra Nova Iguaçu. A saúde realmente está muito defasada”, disse o fiscal Antônio Carlos.
A versão do prefeito
A maternidade era particular e conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a Prefeitura, os donos alegaram que a tabela do SUS estava defasada e que não tinham como bancar os custos do hospital. Por isso, fecharam as portas. O prefeito disse que o prédio foi desapropriado no fim de 2015 e que agora o caso está na Justiça. A previsão é que até o fim deste mês o perito judicial determine o valor que a prefeitura deve pagar pelo imóvel e, no mês que vem, a obra deve começar, já que a licitação está concluída.
Pelo projeto, que ainda está só no papel, o local vai ser maternidade e também hospital público. A intenção é funcionar com 40 leitos e capacidade para 400 partos por mês. Para Rosana que teve que ir a Nova Iguaçu para ter os dois filhos, já passou da hora da maternidade voltar a atender as mulheres de Queimados. “Isso é um absurdo, no centro de Queimados não ter uma maternidade boa pra nós”, lamentou Rosana Gomes de Oliveira. A situação se agravou e ganhou destaque nos noticiários de jornais e TVs do Rio de Janeiro.

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