Baixada entra em colapso com a greve dos caminhoneiros

Motoristas enfrentaram filas para abastecer durante todo o dia ontem
(Davi Boechat)

A greve dos caminhoneiros chega ao terceiro dia perfilando cenário de desabastecimento e de transtornos na vida da população da Baixada Fluminense. Em Nova Iguaçu, o preço alto do litro de gasolina comum nas gôndolas – que ontem quase chegou a R$ 6 em alguns postos – não repeliu os motoristas.
Mesmo contrariados, eles fizeram filas para encher o tanque, garantindo combustível na esperança de que a situação seja normalizada antes que este acabe. Motoristas de ônibus dizem que a empresa reduziu 40 da frota e os de vans escolares avisam aos pais de alunos e não vão levar seus filhos à escola a partir de segunda-feira (28), por falta de combustível.
A dinâmica tanque cheio-bolso vazio se repetiu milhares de vezes na região. O movimento extraordinário nos postos deixou, é claro, os reservatórios ainda mais vazios. Na Av. Abilio Augusto Távora, por exemplo, o movimento era grande e chegava a formar filas de veículos ainda nas pistas. A espera até chegar às bombas era aproximadamente de uma hora. Filas, começaram antes das 6h da manhã, onde os clientes já não mais encontravam diesel.
O movimento continuou intenso durante o dia, mas encerrou por volta das 15h, quando o etanol – único produto até então oferecido – acabou, forçando o encerramento das atividades.
Gerente do posto, Márcio Verdan, observa que já na quarta-feira o movimento era aproximadamente três vezes maior do que a média diária, onde são vendidos sete mil litros. “Se eles encerrassem a greve agora, talvez só no domingo conseguiríamos normalizar o atendimento”, avaliou Verdan.
Frota de ônibus reduzida

Não sendo normalizado o abastecimento, motoristas vão procurar veículos de energia limpa, como trafegar sobre skate ou andar de carroça.
(Davi Boechat)

Sem combustível, o transporte coletivo também está sendo afetado. O grupo Flores, que administra linhas em toda a Baixada, circulava ontem com apenas dois terços da frota, número que diminuirá mais hoje. A mesma empresa chegou a abastecer veículos em postos comuns, uma prática bem diferente do habitual, já que os veículos recebem suprimentos na própria garagem.
No transporte alternativo a situação é ainda mais crítica. Vans dependem apenas do diesel vendidos em postos. O insumo, entretanto, já não estava disponível nos postos visitados pelo Jornal de Hoje ontem. “O motorista da van que leva meu filho para o colégio Leopoldo disse ontem que não virá busca-lo na segunda-feira (28), pois seu combustível só dá para o dia de sexta-feira”, comentou Juliana Farias, 32 anos.
Preço de alimentos dispara
Tão secos quanto os reservatórios dos postos e veículos, ficarão as gôndolas dos supermercados e, por consequência, as dispensas no país. Na Baixada Fluminense, mercados já empurram para prateleira os mantimentos armazenados nos almoxarifados. Produtos comercializados nas Centrais de Abastecimento (Ceasa), maior centro de distribuição de hortifrutigranjeiros do Rio de Janeiro, já registram aumento considerável.
Trânsito lento
Nas estradas, cos piquetes organizados por manifestantes, as filas de caminhões estão quilométricas. Em Duque de Caxias, por exemplo,o trânsito chegou a ficar completamente interrompido na rodovia Washington Luiz (BR-040), na altura da refinaria Duque de Caxias (Reduc), que representa o maior complexo de tratamento e desenvolvimento de combustíveis da Petrobras no Rio.
O protesto interditou as faixas nos dois sentidos e,de acordo com informações da Agência Brasil, na BR-116 (Via Dutra) os manifestantes interromperam uma faixa na altura de Seropédica. Em ambas as vias, apenas os veículos de carga foram obrigados a parar. Os de passeio seguiam normalmente.
Nilópolis suspende abastecimento
Em Nilópolis, a prefeitura suspendeu temporariamente o abastecimento dos veículos oficiais, preservando apenas os utilizados para atendimento de urgência. A coleta de lixo e a remoção de entulhos serão efetuados com atrasos, em decorrência da redução no número de veículos na prestação do serviço. A prefeitura orienta também que a população evite o descarte de entulhos e lixos.
Abastecimento de água afetado
A Cedae pede à população que economize água nos próximos dias. De acordo com a concessionária, a greve dos caminhoneiros pode atrasar a entrega de produtos químicos necessários ao tratamento da água destinada aos consumidores.

(Colaborou Davi Boechat)

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