Estudantes de Direito denunciam episódios de racismo nos Jogos Jurídicos no Rio

Relatos de racismo geraram revolta nas redes sociais Foto: Redes sociais/Reprodução

Relatos de episódios de racismo durante os Jogos Jurídicos, que ocorreram na Universidade Católica de Petrópolis (UCP) neste fim de semana, movimentam as redes sociais desde a tarde do último domingo. De acordo com as publicações, cascas de bananas teriam sido atiradas em um atleta negro da UCP, uma torcida teria imitado macacos para provocar equipes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e uma atleta de handebol da Universidade Federal Fluminense (UFF) teria sido chamada de macaca.

De acordo com relatos, todas ações foram praticadas por alunos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O momento em que alunos imitavam macacos, ao final de uma partida, foi presenciado pela estudante da Uerj, Raiza Uveda, de 21 anos. Segundo a jovem, os ânimos estavam exaltados por causa da ofensa do dia anterior.

— Todo mundo já estava muito revoltado por causa do que aconteceu no sábado, quando jogaram uma casca de banana em um atleta da UCP, então cobranças já estavam sendo feitas para que alguma medida fosse tomada. A torcida da Uerj gritava “PUC racista” e eles respondiam com xingamentos. Vi três pessoas imitando macados na saída do estádio, quando as torcidas se encontraram. Alguns algunos ficaram assustados e outros ficaram rindo, foi algo confuso — relatou a estudante de Direito.

Nesse momento, ocorreria um ato do coletivo Jogos sem Racismo, que foi impedido pelo delegado da partida, disse Raiza.

A também estudante de Direito da Uerj Ana Carolina Gomes, de 23 anos, que faz parte do coletivo Jogos sem Racismo, contou que o movimento realizou atos contra o racismo na competição com o objetivo de acabar com atitudes preconceituosas. Sobre o ato marcado para a final de handebol masculino, ela comentou sobre a proibição de realizá-lo.

— No sábado, um estudante da PUC jogou uma casca de banana num aluno negro da UCP em uma partida de futcampo e, no domingo, marcamos um ato para as finais, mas fomos impedidos de realizá-lo na final de handebol masculino entre a Uerj e a PUC. Foi nesse dia também que alunos da PUC fizeram gestos de macaco — disse. — Num jogo de handebol feminino entre a UFF e a PUC, uma estudante chamou uma atleta negra da UFF de macaca e o coletivo da faculdade parou o jogo, só deixando continuar depois que a torcida da PUC deixasse a quadra.

Diante dos episódios, a organização do evento determinou que a Atlética da PUC emitisse uma nota de repúdio, arcasse com uma multa de R$ 500 tivesse sua torcida suspensa em um jogo.

“Hoje (domingo) não haverá torcida no jogo do futsal masculino. Em virtude do ocorrido no jogo de futcampo ontem (sábado), decidimos que hoje (domingo) não teria torcida, como forma de repúdio ao ato de ter sido jogada uma banana na delegação da UCP. A Atlética de Direito da PUC-Rio é contra qualquer tipo de atitude discriminatória, de qualquer espécie, e com qualquer pessoa. Não aceitamos esse tipo de comportamento e lutaremos contra isso”, diz a nota da atlética.

O coletivo Jogos sem Racismo, porém, discordou de tais medidas e pediu, em comunicado divulgado nesta segunda-feira, que a PUC seja suspensa das próximas duas edições da competição entre universidades.

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