Morre dr. Lubanco aos 88 anos

O dr.João Batista Barreto Lubanco foi encontrado morto na manhã de ontem (06), aos 88 anos, no apart hotel, onde ele morava, na rua dr. Mário Guimarães, nº 533, no centro de Nova Iguaçu. O corpo estava recortado no sofá da sala, como se ele tivesse sentado para descansar ou ler ou escrever, como sempre fazia.
Por volta das 15 horas o corpo ainda se encontrava no local, com a presença de esposa e filhos, aguardando procedimentos de rotina. Do apartamento, ele seria levado para cremação no cemitério do Caju, como desejava. Como dizia a amigos, ele não queria dar trabalho a ninguém e preferia que seu corpo fosse cremado.
De acordo com o motorista Lucinaldo Lima dos Santos, 37 anos, pessoa de confiança dele, com o qual trabalhava há 2 anos e cuidava de muitos dos seus afazeres, os funcionários da portaria do hotel observou que ele não havia descido para tomar café. Naldo, então, como era chamado, foi até o apartamento e a porta estava trancada. Era quase 9 horas e ele não costumava dormir até esse horário. Com a ajuda de funcionários, abriram a porta e encontraram o corpo do Dr. Lubanco recostado no sofá. Vários amigos estiveram no local. Depois, a família pediu privacidade e ninguém mais pode ver o corpo. Ele deixa esposa (Eliane Lubanco) e três filhos – dois advogados e uma juíza de direito.
Vida de sucesso e trabalho
Famoso como advogado constitucionalista, aposentado como procurador da Assembleia Legislativa (Alerj), dr. Lubanco nasceu na cidade de Campos dos Goytacazes, em 12 de fevereiro de 1930. Ele trabalhava rotineiramente como diretor da Faculdade de Direito da Universidade Iguaçu (Unig), onde também foi professor, Pró-reitor, Reitor. Atualmente acumulava na instituição o cargo de presidente da Comissão de Legislação e Normas da Unig.
Desde que ingressou na Unig, foi responsável por dezenas de iniciativas constitucionais para a adequação de normas e regras exigidas pela legislação do Ministério da Educação. Culto na sua área e de grande conhecimento em geral, foi responsáveis pela redação de discursos de principais dirigentes da Unig, tanto no Brasil quanto fora dele. Recentemente, transformou o escritório de assessoria jurídica da instituição (Esajur)em uma Escola de Desenvolvimento de Habilidades Profissionais Integradas(EdHapi),a rua Bernardino de Melo, 1075, onde são atendidas gratuitamente mais de 5 mil pessoas, em média, todos os meses.
Ultimamente, desenvolvia projetos para integrar as comunidades à Unig e vice-versa, através da Unig Junior e de outros conselhos. A última reunião, nesse sentido, aconteceu manhã de terça-feira (06),véspera de sua morte, em seu gabinete na Unig. Ele ainda trajava a mesma roupa que usara na reunião, o que faz pressupor que ele tenha morrido na tarde do mesmo dia.
Vida pública
Admirado por um dos homens que mandou por muito tempo na politica do Brasil, Golbery do Couto e Silva, Lubanco foi interventor federal em São João de Meriti (1970/1971) e ocupou várias funções nos primeiros escalões municipais em Nova Iguaçu, onde também foi vice-prefeito (de Joaquim de Freitas, em 1973/1975) e prefeito de 1975 a 1977 – tempo em que criou tudo que hoje existe, inclusive fez a primeira biblioteca pública do município.
Praça e o livro
Lubanco também foi deputado estadual pela Arena, e, destacado pela sua intrepidez e coragem política, foi convidado de Leonel Brizola, mas se recusou a ingressar no PDT. Amante do direito e da literatura, ainda jovem escreveu dois livros, tais como Imunidades Parlamentares (Haddad Editores-1955, quando tinha apenas 23 anos de idade) e publicou vários artigos em revistas e jornais, dentre eles o Correio da Lavoura e Jornal de Hoje. Junto com amigos, dentre eles o jornalista Davi de Castro, Lubanco estava coletando todos os seus feitos e publicações para edição de um livro (que não tinha nome definido).
Nos dias em que não trabalhava na Unig, ficava no apartamento organizando, por data e ano, as suas publicações para compor o livro. E sem que ele soubesse, tramitava na Câmara de Vereadores, pelas mãos de Maurício Morais, um projeto que dá à Praça de Skate o nome de Praça João Batista Barreto Lubanco – a primeira da América Latina, construída no seu governo.

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