Moradores ficam assustados com tiroteios no Chapéu Mangueira, no Leme

Carro da Polícia Militar em rua do Leme. Chapéu Mangueira teve tiroteio Foto: reprodução

Moradores do Leme, na Zona Sul do Rio, voltaram a ser despertados por uma saraivada de tiros vindos do Morro Chapéu Mangueira, mais uma vez alvo de invasão por traficantes de uma quadrilha rival. Gerente de uma casa noturna, Guilherme Tonini, de 41 anos, foi um deles. Ex-morador dos bairros de Copacabana e Ipanema, Tonini disse que já se adaptou à rotina de tiroteios no Rio.

– Comprei um apartamento há pouco tempo aqui na Rua General Ribeiro da Costa, ao lado da Ladeira Ary Barroso. Antes, morei na Rua Teixeira de Melo esquina com Barão da Torre, em frente ao Morro do Cantagalo. Depois, me mudei para a Rua Sá Ferreira, em frente ao Morro Pavão-Pavãozinho. Em ambos os lugares, a bala come solta. E aqui não é diferente. Quem mora como eu obrigatoriamente passa a se acostumar com esse tipo de coisa. Mas é lamentável! Trabalho na noite e percebo que as pessoas não estão saindo mais. As ruas estão vazias. Está todo mundo querendo se proteger. Escutei tiros hoje de manhã. E se para gente aqui em baixo está ruim, imagina para quem mora lá em cima. Ter que esperar sua esposa chegar do trabalho embaixo de tiros. É muito triste essa situação – comentou Guilherme Tonini.

Um homem que mora há cerca de 50 anos no Leme e que preferiu não se identificar disse que acordou uma alvorada de tiros. Ele contou que os constantes tiroteios já estão impactando no valor dos imóveis.

– Quando não é tiroteio, é helicóptero sobrevoando os prédios bem próximo às janelas. Isso tudo tem impactado no valor dos imóveis. Um apartamento de R$ 1 milhão está valendo cerca de R$ 50 mil a menos – lamentou.

Ele comentou cenas que diz ter visto das consequências de um assalto há cerca de uma semana a uma moradora do Morro da Babilônia.

– Dois homens numa moto que vieram da Rocinha para roubar celulares no Leme assaltaram a irmã de um motoboy da Babilônia. O assalto foi na rua Aurelino Leal esquina com a Avenida Atlântica. Mas ela tinha outro aparelho e ligou para o irmão. Dezenas de motoboys da região chamaram policiais da UPP e ajudaram nas buscas aos ladrões. Eles mesmos prenderam os dois assaltantes e os entregaram para os policiais. Por pouco não foram linchados – contou.

A cozinheira Fernanda Reis, que mora na Rua Gustavo Sampaio desde agosto do ano passado, diz que fica assustada Sempre que há tiroteios:

– Já é uma rotina que a gente se acostuma, mas fico com muito medo. Tem gente levando tiro até dentro de escola! O normal era não ter tiroteio. Eu penso que a solução para isso é somente a educação. Sem isso essa situação vai permanecer – disse Fernanda.O clima na região, por volta das 9h desta segunda-feira, é de aparente normalidade.

O clima na região, por volta das 9h desta segunda-feira, é de aparente normalidade. De tempos em tempos, pode-se ouvir o barulho de explosões de “cabeças de nego”, mas não é possível saber se existe uma relação com os tiroteios, já que o Brasil joga daqui a pouco contra o México na Copa do Mundo, na Rússia, e pode ser apenas comemoração.

De acordo com relatos em redes sociais, houve dois momentos de confronto: pouco antes das 3h e por volta das 5h30. Em nota, a Polícia Militar informou que os agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Babilônia/Chapéu Mangueira não foram acionados “devido a disparos de arma de fogo e não houve ocorrências envolvendo confronto armado com guarnições das Unidades nesta segunda-feira (02/07)”.

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