Picciani nega propinas e diz não ter relação com Cabral

Picciani  negou ter recebido propinas de empresários de transporte e da construção civil e disse não ter uma relação próxima ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral
Fernando Frazão/Agência Brasil

O ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (MDB), negou ontem ter recebido propinas de empresários de transporte e da construção civil. Ele também afirmou não ter uma relação próxima ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB). As declarações foram prestadas durante depoimento ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).
O interrogatório, que durou mais de três horas, ocorreu dentro de processo resultante da Operação Cadeia Velha, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Picciani é réu na ação, assim como os deputados estaduais Paulo Melo (MDB) e Edson Albertassi (MDB). Os três respondem por corrupção passiva, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro. O processo tramita na 2ª instância devido à prerrogativa de foro dos parlamentares.
De acordo com a acusação formulada pelo Ministério Público Federal (MPF), os deputados teriam recebido propina para garantir a aprovação de medidas legislativas em favor de empresas dos setores de construção civil e transporte público. Entre os crimes descritos, está o recebimento de propinas superiores a R$ 130 milhões para favorecer os interesses da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Picciani negou ter recebido qualquer tipo de propina e disse não ter relação com Carlos Miranda. Também refutou as acusações do MPF. “Não há um ato de ofício meu que possa ser apontado como compra de apoio”. O deputado disse conhecer apenas de nome Jacob Barata, empresário do setor de transportes acusado de envolvimento no pagamento de propina.
O ex-presidente da Alerj afirmou ainda que todos os recursos recebidos de empresas da construção civil durante as campanhas eleitorais foram declaradas, não tendo caixa dois em suas candidaturas. Garantiu também não possuir conta bancária no exterior. “Só tenho duas contas aqui, ambas com mais de 30 anos”.
Picciani negou todas as declarações feitas antes por Carlos Miranda, a quem diz que não conhecer, e por Jonas Lopes. Ele reconheceu, entretanto, ter emitido nota abaixo do valor da transação a pedido de Jonas Lopes e disse ter sido um ato equivocado. Mas negou saber que o dinheiro era decorrente de propina. “Como poderia saber a origem? Não tive nenhuma vantagem”. Ele admitiu ainda ter recebido R$ 400 mil em espécie.

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