A ARTE DE CRIAR-SE A SI MESMO

* Carlos B. González Pecotche

A Sabedoria Logosófica quer que todas as obras de valores permanentes para a alma humana cheguem, senão à perfeição – pois são muitas as deficiências que o ser humano tem -, pelo menos a um alto expoente de beleza; e quer, também, que cada um dos traços que apresente sejam naturais; que não exista nada de artificial ou postiço. Eis aí o grande segredo.
Para realizar este grande objetivo, a Logosofia deveu plasmar nas mentes humanas uma nova concepção, tendo em conta o grau de abandono e insipiência evidenciado na grande maioria dos seres humanos que povoam a Terra.
São muitos os seres que vivem em permanente descuido; e vivem assim porque não sabem cuidar de suas vidas. Com a palavra, por exemplo, podem fazer a si mesmos muito mal. Tomemos por exemplo quando o ser não é capaz de respeitar suas próprias palavras: como pretender, então, que os demais os respeitem? Assim é como se chega, finalmente, a um problema cuja solução é necessário abordar e alcançar.
É costume geral pregar e dizer que não se deve mentir. Eis aí uma grande verdade: não se deve mentir. Não obstante, quem diz a verdade experimenta muitas vezes amargas contrariedades, porque há verdades que doem, fazendo o semelhante reagir. Então, o que se há de fazer? Muito simples: dizer a verdade oportunamente, nunca fora do tempo; e dizê-la para construir, não para ferir, como os que afirmam. “Eu sou muito franco”, lançando imediatamente uma verdade que, com intenção ou não, humilha ou envergonha o semelhante.
Essa é uma verdade manchada e deixa, portanto, de ser verdade no instante exato em que se a pronuncia, por levar potencialmente o germe da violência como provam tantos episódios ingratos ocorridos por essa causa.
Há, também, mentiras piedosas, mentiras que consolam; são estas as únicas de gênero elevado, as únicas permitidas pela moral humana. Mas é preciso ter um grande domínio de si mesmo e ter muito em conta as palavras que se pronunciam, para não incorrer em lamentáveis erros, pensando que esta ou aquela mentira serão inofensivas. Em todos os casos, sempre se deverá ter muito presente o alcance de cada palavra, para poder medir suas conseqüências. Daí que seja preferível sempre abster-se, se possível, de fazer manifestações que contrariem a realidade que se revela nos meandros de cada verdade.

* Autor da Logosofia – Carlos B. González Pecotche – Centro de Difusão e Informação de Nova Iguaçu – CDIL NI

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