Queimados paga R$ 50 mil em seis sedes para saúde

Prefeito Carlos Vilela aponta obras de construção do hospital de Queimados se arrastam há anos

O Município de Queimados mantém seis imóveis alugados para abrigar a estrutura burocrática da Secretaria de Saúde da cidade. Aparentemente, isso poderia significar que o município tem uma ampla rede de assistência à população. Porém, a realidade é bem diferente. Em Queimados não há nenhum hospital municipal e os impostos pagos por quem vive no município vai para a locação de salas e gabinetes.
A Prefeitura de Queimados alegou que existem 11 clínicas da famílias, três unidades básicas de saúde e dois centros especializados. No entanto, a ausência de uma emergência que receba pacientes é alvo de reclamações da população local. O triste quatro da saúde no município chamou a atenção da imprensa, a exemplo do RJ 2, da TV Globo, que visitou a cidade na terça-feira (10), quando moradores fizeram várias denúncias. “Você vai na Upa [Unidade de Pronto Atendimento], atendimento de quatro cinco horas quando é atendido. Aí, você tem que ir pra Nova Iguaçu. Qualquer outro lugar sem ser Queimados”, explicou o motorista, identificado apenas como Lauriano.
As denúncias por parte dos moradores de Queimados continuam. Além da falta de um hospital, a espera para o atendimento demorado nas unidades de saúde. Alguns pacientes chegam a esperar seis meses para serem atendidos por um cardiologista. “Eu não consigo marcar cardiologista. (…) E pressão alta é urgência, né? Eu sou pobre. A gente se sente diminuído não tem condição de pagar consulta, é caro”, lamentou a faxineira Maria de Nazaré.
A reportagem da TV Globo foi a uma Clínica da Família de Queimados para pedir informações sobre como conseguir uma vaga. Em resposta, ouviu de um funcionário que seria de “uma semana para outra, sempre ambulatorial”.
Depois, é perguntado se há atendimento de emergência. O funcionário informa que “não tem” e não sabe dizer se em outra unidade haveria atendimento. Ao ser perguntado se seria necessário ir a outra cidade para conseguir ser atendido, ele concordou. “Para outra unidade. Até porque, não fica médico direto aqui”, explica o funcionário.

Sedes custam R$ 50 mil
Apesar de não ter hospital municipal, Queimados gasta R$ 50 mil só com o aluguel de seis sedes. Uma delas fica num galpão alugado em outubro do ano passado por R$ 19 mil. Até o início desse mês, no entanto, quem mora próximo ao local contou que não há ninguém ocupando o espaço.
A equipe de reportagem conseguiu encontrar a secretária de Saúde de Queimados, Lívia Guedes, num dos galpões alugados pelo município.
Segundo a gestora, a ideia do município é economizar juntando todas as sedes da pasta num só espaço. “Nós não viemos na totalidade em novembro porque o relógio daqui funcionava em três fases. A gente foi na Light, eu tenho aqui o protocolo, porque eles precisavam vir trocar o transformador da rua para que a gente viesse na totalidade, né? Que é toda a parte burocrática da Saúde que vai ocupar os três andares do galpão. E eles só vieram aqui em maio”, explicou Guedes.
Em nota, a Light informou que recebeu o primeiro pedido de ligação do galpão em 26 de abril. E que o serviço foi liberado em junho porque foi necessário fazer ajustes na rede elétrica. De acordo com um levantamento da Federação das Indústrias do RJ, Queimados é o 2º pior município da Baixada em índice de assistência básica de saúde. E entre as 92 cidades do estado do Rio de Janeiro, ficou em 78° lugar.

Obras do hospital
A assessoria de imprensa da prefeitura de Queimados divulgou esta semana que as obras do Hospital municipal, as quais se arrastam há vários anos, deverão focar prontas em setembro próximo. Ainda de acordo com o setor, o prefeito Carlos Vilela visitou o local e gostou do que viu, adiantando que as referidas obras da unidade já alcançaram 70% da construção do projeto. Moradores reclamam. “Por causa dessa obra que nunca acaba, crianças nunca mais puderam nascer em Queimados. A gente mora aqui e nossos filhos são levados para nascer em outras regiões onde não temos raízes”, lamenta Dulcinéia dos Santos, 44 anos (G1 e JH).

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