Mortes. Tiroteios constantes. Invasão de bandidos rivais. Volta das barricadas. Patrulhamento ineficaz. Esta é a situação da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, nesta segunda-feira, segundo moradores da comunidade, considerada modelo da intervenção, um mês após as forças de segurança deixarem o local. Neste domingo, um tiroteio deixou uma pessoa morta e outras três feridas após traficantes da Vila Aliança, também na Zona Oeste, invadirem a Vila Kennedy.
Policial militar é baleado no rosto ao checar denúncia na Vila Kennedy
Quem vive no local diz que a rotina voltou a ser marcada pelos mesmos problemas que ocorriam antes da ação dos militares.
— O que fizeram aqui se chama enxugar gelo. Vieram, passamos por alguns dias de mais tranquilidade, mas agora olha só: os criminosos voltaram às ruas com força total. Este domingo foi um inferno. Bandidos de fora invadiram — contou um morador.
Para ele, o patrulhamento feito pelo 14º BPM (Bangu) é ineficaz:
— (O patrulhamento) acontece dia sim, dia não. Os policiais alegam que têm que patrulhar o Batan (comunidade em Realengo, ainda na Zona Oeste) também. E, além disso tudo, na sede da Companhia Destacada, na Avenida Etiópia, não há policiais — contou um morador.
Em nota, a PM informou que, de acordo com o 14º BPM, “na noite de domingo (15/07), a unidade foi informada que duas vítimas baleadas na comunidade Vila Kennedy deram entrada no Hospital Municipal Pedro II e outras duas vítimas foram encaminhadas ao Hospital Municipal Albert Schweitzer (em Realengo, ainda na Zona Oeste), sendo uma delas em óbito”. A corporação destacou que “não houve registro de confronto com a Polícia Militar”.
As ocorrências sobre o morto e os baleados foram registradas na 34ª DP (Bangu). A PM informou que segurança foi reforçada na Vila Kennedy. Sobre a denúncia de que não havia policiais na sede da Companhia Destacada, a corporação não se pronunciou.
Carroça para recolocar barricadas
Segundo um morador, as barricadas retiradas durante a ação das forças de segurança foram recolocadas. Em alguns pontos são usados pedaços de trilhos de trem e, em outros, pedras e árvores:
— Eles (os traficantes) furtaram uma carroça e um cavalo. É com ela que circulam por aí recolocando as barricadas.
Outro morador disse temer que a Vila Kennedy sofra invasões por parte de outras quadrilhas:
— Estamos entregues à nossa própria sorte. Dessa ocupação, não ficou nada.