Dicas de Português – 12/08

Atrás, trás e traz

Talvez seja óbvio para muitos que essas três palavras sejam escritas assim. Mas, é fato: são vítimas de muitas confusões.
Às vezes, o “z” do “traz” permuta com o “s” do “atrás”, ou “trás” é indevidamente usado como se fosse uma legítima conjugação do verbo “trazer”.
Para não confundir mais:

“Atrás” é grafado com “s”. É um advérbio de lugar.

Ele estava atrás de mim quando tudo aconteceu.
O ponto de ônibus fica atrás do shopping.

“Traz”, do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do singular, é escrito com “z”.

O autor traz para o seu romance a questão da seca.
Ele sempre traz flores quando vem me ver.

“Trás” (com “s” e acento) significa “na parte posterior” e é sempre precedido por preposição.

Ele estava por trás disso tudo desde o começo.
Ande mais depressa, senão ficará para trás.

Resumindo: os advérbios terminam com “s”. O verbo conjugado é o único que termina com “z”. “Atráz” (com “z”) não existe.

 

“Invés” ou “em vez de”?

Em vez de iniciar o texto explicando a primeira expressão, discorrerei primeiramente sobre a segunda. Esta expressão significa “no lugar de”. É usada para mostrar a substituição de uma ideia por outra, diferente.

Em vez de mandar um e-mail para o meu chefe, irei telefonar para ele.
Não trabalhe hoje, se está doente. Em vez disso, vá ao médico.

“Ao invés de” é usado quando há exposição de ideias contrárias, literalmente inversas (“invés” é originário da palavra latina inversum e significa “ao contrário”).

Ao invés de falar, podia calar-se um pouco.
Demoramos a chegar aqui, porque ao invés de virarmos à esquerda, viramos à direita.

Repare que: “falar” é o contrário de “calar-se”; “esquerda” é o contrário de “direita”. Mas “mandar um e-mail” não é o contrário de “telefonar”, nem “não trabalhe hoje” é contrário de “vá ao médico”. São apenas ações diferentes.
Um conselho para não errar nunca? Use sempre “em vez de”, pois essa expressão também pode ser usada para relacionar ideias contrárias! Enquanto “ao invés de” só pode ser usado para essa circunstância.

 

Apesar “de isso” ou “disso”?

Quando fizer a contração de preposições com os artigos? Essa é uma dúvida comum, já citada, inclusive, em outra dica neste espaço. A explicação é simples: se o elemento posterior à preposição funcionar como sujeito, o artigo deverá ficar isolado. Caso contrário, não.
Para esclarecer, vamos citar mais uma vez alguns exemplos:
“Apesar da crise, crescemos nos últimos anos.” > A frase está correta. A preposição e o artigo não poderiam ficar separados.
“Apesar de a crise existir, crescemos nos últimos anos.” > A frase está correta e a separação de preposição e artigo é necessário. O substantivo “crise” funciona como sujeito da primeira frase. Para identificar o sujeito, basta fazer a pergunta: O que é que existe? Resposta: a crise. É errado, portanto, escrever “Apesar da crise ainda existir”.
O mesmo acontecerá com os pronomes ele(s), ela(s), este(s), esta(s), isto, esse(s), essa(s), isso, aquele(s), aquela(s), aquilo.
“Apesar de isso ter ocorrido, as vendas do produto não diminuíram.” > A frase está correta: nesse caso, não é possível contrair a preposição com o artigo, resultando em “disso”. Explicação: “isso” é o sujeito da frase (O que ocorreu? Isso.)

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