Clientes de Paty Bumbum procuram polícia após problemas em procedimentos estéticos

Imagem mostra atendimento na casa de Paty Bumbum Foto: reprodução

Três clientes de Patricia Sílvia dos Santos, de 47 anos, indiciada por exercício ilegal da medicina, prestaram depoimentos nesta segunda-feira na Delegacia do Consumidor (Decon). As novas vítimas relataram ter enfrentado dores e complicações após realizar preenchimentos nos glúteos com a massoterapeuta, que atendia em uma clínica clandestina, em Curicica, na Zona Oeste do Rio.

Uma das mulheres passou a ter dificuldades para andar após passar pelo procedimento estético, há três meses. Médicos suspeitam de uma lesão que pode ter ocorrido em consequência do preenchimento. Ela será submetida a exames e, depois, encaminhada ao Instituto Médico-Legal, para realizar um exame complementar indireto. As outras duas clientes apresentaram problemas menos graves: uma delas se queixa de dores e a outra sente “calor nas nádegas”, segundo a polícia.

Na semana passada, compareceram à delegacia outras três vítimas de Paty Bumbum — apelido que, segundo a polícia, a falsa médica utilizava para se apresentar a potenciais clientes. Um dos casos mais graves foi o de uma mulher que desenvolveu uma trombose cerca de um ano após passar pelas mãos de Patrícia e chegou a ficar pouco mais de um mês internada.

Outra vítima permaneceu por um longo período com um líquido escorrendo dos glúteos nos dias posteriores à aplicação. Na última quinta-feira, uma ex-cliente entregou à polícia fotos que mostram Paty Bumbum realizando uma aplicação em seus glúteos. Segundo a paciente, foram desembolsados R$ 1.900 para que a massoterapeuta realizasse um procedimento com hidrogel, que só pode ser feito por um médico, de preferência cirurgião plástico ou outro profissional especializado.

A delegada Daniela Terra, titular da Decon, intimou Paty Bumbum e a massoterapeuta Valéria dos Santos Reis, de 54 anos, a prestarem novos depoimentos nesta quarta-feira. Valéria foi reconhecida por fotos pelas testemunhas que estiveram na delegacia na sexta-feira. De acordo com o depoimento delas, Valéria e Paty Bumbum trabalhavam juntas, realizando atendimentos na clínica clandestina.

Valéria também foi ouvida no inquérito que apura a morte da modelo Mayara Silva dos Santos, de 24 anos, que morreu após ser submetida a um suposto procedimento estético, no último dia 20.

Se ficar comprovado que alguma cliente teve problemas físicos em decorrência das aplicações feitas por Patricia, a falsa médica também pode vir a ser indiciada pelo crime de lesão corporal, que varia de leve a gravíssima, de acordo com a severidade. No caso mais extremo, desde que não haja morte, a pena pode variar de dois a oito anos de prisão.

Até o momento, Patricia foi indiciada pela Decon apenas pelo exercício ilegal da medicina. Porém, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo e tem pena máxima de até dois anos de reclusão, ela foi liberada logo após ser conduzida à sede da especializada, na última quarta-feira. Embora tenha optado por permanecer em silêncio, a mulher chegou a contar informalmente aos agentes que atua no ramo há 13 anos.

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