JUDICIÁRIO EM QUEDA

* Célio JungerVidaurre

Nesse prende e solta exercido pelos magistrados brasileiros, nossa justiça ficou abalada e, por que não dizer, desacreditada, após esses últimos acontecimentos ocorridos com petistas condenados em segunda instância. Três desembargadores do TRF-4 julgaram e condenaram Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, ou seja, confirmaram o que Sergio Moro havia decidido. O desembargador, “petista de carteirinha”, Rogério Favreto, determinou a soltura do ex-presidente, porém, o presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores, manteve o ex-presidente na cadeia. Os deputados articuladores da “tramóia”, Wadih Damous e Paulo Pimenta, ficaram “jogando conversa fora”, a seguir.
O desprestígio que está sendo levado nosso judiciário é tão alarmante, pois, até na Côrte Maior, há ministros que não trazem qualquer credibilidade para se ter a unanimidade tão desejada e necessária, teve desfecho lógico e justo pois ladrão que é ladrão, seu lugar é na prisão e, assim, Lula continua preso. Na verdade, não há mais tranquilidade no povo brasileiro com essa justiça que nos representa. Não se pode concordar que os pobres aguardem seus crimes presos, enquanto os políticos corruptos e corruptores com advogados famosos, pagos com dinheiro roubado, são soltos em séries.
Será que os 11 ministros que compõem o Supremo Tribunal Federal ainda não deram pela coisa? Será que eles não sabem o que a população pensa sobre suas decisões? As aberrações nos julgamentos são tão patentes que, depois da operação Fatura Exposta com a prisão de Sergio Côrtes e outros, a roubalheira no setor da saúde e no INTO nunca parou, como se viu ultimamente com mais de 20 prisões. Todavia, todos estão de “orelhas em pé” aguardando o que Gilmar Mendes irá fazer depois que já foi solto o Dr. Côrtes.
Vê-se que, urgentemente, há necessidade de criar mecanismos que modifiquem esse modelo para a indicação dos ministros do STF, com período de mandato razoável para esses privilegiados julgadores que ficam poderosos infinitamente. Não dá mais para aturar Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e esse Marco Aurélio Mello até chegarem aos 75 anos. É tempo demais para decepcionar toda nossa gente. Esses ministros retratam o desânimo encontrado naqueles que ainda acreditam no judiciário. Hoje nada esperam.
Se aquela antiga história de que “o poder emana do povo” fosse realmente verdadeira, jamais continuaríamos com esses julgadores do STF, pois, claro, tivesse a população um mínimo de poder, Lewandowski, Gilmar, Toffoli, Marco Aurélio e Favreto, por cento, estariam em escritórios de advocacia para sobreviverem dignamente. A sorte desses caras é que o brasileiro é passivo, alienado, indiferente e acomodado. Faltando pouco, muito pouco para o próximo pleito eleitoral, não se vê qualquer atitude nas ruas para se ter uma mudança, a tão esperada mudança. Aliás, com os candidatos apresentados nada se pode esperar.
A coisa está feia. O judiciário brasileiro demanda certamente de profundas reflexões. Essa situação deprimente do prende e solta na justiça, está trazendo um desalento terrível não só na classe jurídica como na sociedade em geral, pois, o lugar de ladrões da saúde, o lugar dos ladrões da Petrobrás, o lugar dos ladrões da CEF, do BB, dos deputados, Prefeitos, Senadores, Governadores e Ministros ladrões, é na cadeia. A credibilidade do judiciário deverá, e muito, melhorar.
A paciência não pode ter limite!

* Célio Junger Vidaurre é advogado e cronista político. Publica seus artigos em 11 jornais diários e 16 semanários do RJ.

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